1. Histórico: O Curso de Pós-Graduação (Especialização) em Endocrinologia, criado em 1959, é ministrado no Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia, instituição padrão no plano nacional, com intensa atividade na pesquisa e no ensino superior, em virtude de convênio celebrado entre a PUC/RJ e a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro. Após quase 40 anos de existência, esse programa demonstra sua experiência através da formação de mais de 500 médicos Especialistas e Mestres, com a aprovação de 101 dissertações de Mestrado e manutenção de atividade científica contínua, com a publicação de inúmeros trabalhos em revistas especializadas e participação em Congressos Científicos de âmbito nacional e internacional, o que testemunha a eficiência com que desenvolve sua programação.

2. Objetivos do Curso de Especialização: Aprofundar e diferenciar os conhecimentos obtidos durante a graduação, familiarizando o aluno com a fisiopatologia, semiologia, métodos diagnósticos e terapêuticos da patologia endócrina.- Capacitar o aluno a adotar condutas diagnósticas e terapêuticas, atuais e éticas, bem como desenvolver a
capacidade de se atualizar, mantendo um espírito crítico e autocrítico.


06/12/2010

Endo Pills - 9

Informação cientifica de ação rápida

Ano 2 N° 9

Curso de Especialização em Endocrinologia - PUC

Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione


Prof.: Luiz César Povoa

Ricardo Martins Rocha Meirelles

Editor: Rosa Rita Santos Martins

Editores Associados: Walmir Coutinho, Edna Pottes, Claudia Pieper, Isabela Bussade

Composição Gráfica: Wallace Margoniner


O mês de setembro deste ano foi premiado com dois excelentes encontros médicos: o EndoRio e o segundo Simpósio Internacional de Terapias Celulares Avançadas. Ambos primaram pela excelente organização e conteúdo científico e vale ressaltar que os dois eventos foram voltados para a prática clínica incluindo atualizações sobre diagnóstico e terapêutica.

A partir de agosto deste ano o Grupo de Pós-Graduação da PUC passou a contar com a participação da Dra. Isabela Bussade, que se vem colaborando na organização dos seminários das monografias e no Endopills.

Inovamos neste número na apresentação do caso clínico. Iniciamos com ele, com a colocação de uma pergunta e a resposta e discussão vem como último item. Funcionará como um exercício.


I. CASO CLÍNICO:

Uma mulher de 58 anos de idade com história de hipertensão há cinco anos foi encaminhada para uma avaliação mais detalhada em relação à hipótese de feocromocitoma. Um mês antes, ela havia iniciado episódios de elevações da pressão arterial (PA) associados com cefaléia, tonteira, sudorese e palpitações. Seu exame físico era normal e sua PA era 130/80mmHg, em uso de Clonidina 0,1mg, 2 vezes por dia. A avaliação hormonal revelou:

a) Metanefrinas plasmáticas fracionadas: metanefrina < 0.2 nmol/L (normal < 0.5 nmol/L) e normetanefrina 1.47 nmol/L (normal < 0.9 nmol/L).

b) Urina de 24 horas: metanefrinas totais 2.900 Mg/nl (normal < 1.000 Mg/24 horas), noradrenalina 48 Mg/nl (normal < 170 Mg/24 horas), adrenalina 2.1 Mg/nl (normal < 35 Mg/24 horas), dopamina 160 Mg (normal < 700 Mg/24 horas).

c) Uma RNM abdominal revelou nódulo de 1 cm na glândula adrenal esquerda. Cintilografia com Meta-[123I] iodobenziguanidina (123I-MIBG) demonstrou “um foco obvio de aumento de captação do traçador sugestivo de um feocromocitoma na adrenal esquerda.”

Qual a próxima etapa diagnóstica ?

a) Medida das catecolaminas plasmáticas.

b) Realizar cintigrafia com octreotide.

c) Solicitar RNM da pelve, pescoço e tórax.

d) Tratar com bloqueador alfa e beta-adrenérgico antes da adrenalectomia esquerda.

e) Realizar o teste de supressão da clonidina.

O resultado e a discussão vêm no final deste número do endopills.

Caroline Wust do Nascimento Gaya (C1)


II. RESUMOS


METABÓLITO DA VITAMINA A DIMINUI SENSIBILIDADE INSULÍNICA E AUMENTA OBESIDADE:

O retinaldeído (Rald), um metabólito da vitamina A, aumenta a geração de tecido adiposo e diminui a sensibilidade à insulina. Os inibidores do Rald, por outro lado, diminuem o tecido adiposo e a obesidade induzida por dieta, de acordo com o relato dos pesquisadores Ouliana Ziouzenkova, Jorge Plutzky e cols numa publicação online da Nature Medicine, onde afirmam: “Existe uma percepção crescente que os retinóides, como moléculas derivadas da vitamina A naturalmente presentes no organismo, podem desempenhar papéis importantes e específicos no controle da expressão de genes” e que “Através disso, os retinóides poderiam ter papéis-chave em controlar respostas, tais como o balanço energético, obesidade e diabetes”. A pesquisa demonstrou que o Rald está presente na gordura de roedores e que se une às proteínas ligantes do retinol, inibindo a adipogênese e suprimindo tanto o PPAR-gama quanto as respostas do receptor de retinóide (RXR). Os investigadores anunciaram que: “ratos com deficiência da enzima retinaldeído desidrogenase um (Raldh 1), que destrói o Rald, resistiram à obesidade induzida por dieta e à resistência à insulina, além de demonstrarem uma dissipação de energia aumentada”, mas relembram que: “Uma dieta balanceada é sempre uma boa idéia. A ingesta excessiva não-monitorizada de qualquer vitamina pode estar associada a problemas de saúde”. Referência do artigo: Ziouzenkova, O. et al. Retinaldehyde repress adipogenesis and diet induced obsety. Nature Medicine (2007), 13: 695 – 702.

Olavo de Souza Costa (C1)


EFEITOS DO CONTROLE DO PESO DURANTE A MENOPAUSA NA TRANSIÇÃO DA DENSIDADE MINERAL DO OSSO:

Mulheres que passam pela menopausa ganham em média 453 g de peso por ano. Novas pesquisas revelam, entretanto, que os esforços para minimizar ou reverter esta tendência têm o efeito indesejável de diminuir a densidade mineral do osso pondo aquelas mais bem sucedidas no controle do ganho de peso em um risco maior de osteoporose. Durante o Women’s Healthy Lifestyle Project, foram citados os resultados de um estudo de cinco anos com 535 mulheres na pré-menopausa no condado de Allegheny, Pensilvânia. O objetivo do projeto era determinar se as intervenções no estilo de vida poderiam controlar o ganho de peso e aumento do colesterol durante a menopausa. As intervenções nos hábitos de vida foram focados em: uma dieta com baixo teor de gordura e exercício físico e se mostraram bem sucedidas em prevenir tanto o ganho do peso como o aumento do LDL colesterol; as mulheres no grupo de intervenção ganharam uma média de 2.8 quilogramas menos do que mulheres no grupo controle. Entretanto, as mulheres do grupo de intervenção tiveram maior perda da densidade óssea, especialmente no quadril e no colo do fêmur. Estas pesquisas demonstraram que as mulheres que fizeram terapia de reposição hormonal tiveram ligeiramente menos, mas ainda estatisticamente significativa, perda de densidade mineral óssea. Os autores sugerem que o uso dos hormônios pode não proteger totalmente as mulheres da perda óssea associada à perda de peso. E que os clínicos necessitam considerar a perda potencial de densidade mineral óssea ao sugerir recomendações de estilo de vida e de peso às mulheres de meia-idade. Uma versão rápida deste artigo foi publicada on-line em julho de 2007 (http://jcem.endojournals.org) e aparecerá na edição de outubro 2007 no Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism: Park, A H et. Weight Mainenance May be Linked to Decreased Bone Density in Menopausal Women.

Nathália Fernandes dos Santos (C1)


EFEITOS DO FUMAÇA CONDENSADA NO TABACO NA EXPRESSÃO E NA ATIVIDADE DO GENE DO RECEPTOR α DO ESTROGÊNIO:

Pesquisadores descobriram que os metais presentes no tabaco do fumo mimetizam os efeitos dos estrogênios e ativam os receptores de estrogênio do corpo, uma ação que pode aumentar o risco do câncer de mama. Estes metais são uma nova classe de potentes estrogênios ambientais chamados metaloestrogenios. Segundo a Dra. Mary Beth Martin da Universidade de Georgetown, responsável por esse trabalho “A capacidade do tabaco de mimetizar os efeitos dos estrogênios sugere que os contaminadores contribuem para a etiologia do câncer de mama”. Nesse estudo os autores trataram células de câncer de mama em humanos com o tabaco do fumo condensado com o objetivo de estimular o seu crescimento, ativando o receptor do estrogênio e aumentando a expressão do gene regulador de estrogênio. Segundo eles a exposição precoce aos estrogênios ambientais como os metaloestrogenios pode alterar o desenvolvimento da glândula mamária e, conseqüentemente, o risco do câncer. Referência do artigo: Martin, M B et al. Effects of Tobacco Smoke Condensate on Estrogen Receptor- Gene Expression and Activity. Endocrinology (2007), Vol. 148, No. 10, 4676-4686

Nathália Fernandes dos Santos (C1)


COMPARAÇÃO DA CAPACIDADE DE SUPRESSÃO DO ESTRADIOL PELO ANASTROZOLE E LETROZOLE EM MULHERES COM CÂNCER DE MAMA SUBMETIDAS A HIPERTIMULAÇÃO OVARIANA PARA CRIOPRESERVAÇÃO DE EMBRIÕES.

O fato de concentrações baixas de estrogênio estimularem o crescimento de células cancerígenas de mama acarreta um problema sério para mulheres portadoras de câncer de mama que se preparam para serem submetidas a terapias de criopreservação de embriões ou ovócitos através da hiper estimulação ovariana controlada (COH) que aumentam níveis de estradiol (E2). Um grupo de pesquisadores da Universidade de Cornell, New York, liderados pelo Kutluk Oktay, M.D., avaliou o potencial do anastrozole e do letrozole, um inibidor da aromatase não esteróide de suprimir o estradiol nessas pacientes. Este grupo estudou uma seqüência de coorte de 53 mulheres que se submeteram a COH usando FSH e também letrozole ( n = 47 ) ou anastrozole ( N = 7 ). Os pesquisadores não acharam diferenças notáveis entre os dois grupos de mulheres no resultado à estimulação, dose de gonadotropina total, número de folículos maiores que 17 mm, o tamanho do folículo no dia do HCG e o total de embriões criopreservados. Contudo, níveis de estradiol no dia da dose de HCG e nos dias após a dose de HCG eram altos no grupo do anastrozole comparado com o grupo do letrozole, mesmo em doses de 10mg por dia de anastrozole, e a área principal acima da curva foi significativamente alta no grupo do anastrozole. Uma possível explicação sugerida é que o efeito inibitório do letrozole pode ser mais específico na ação sobre a aromatase da célula granulomatosa que o anastrozole. Os autores concluem que o anastrozole pode não ser uma alternativa aceitável para o letrozole nessas mulheres. Referência do trabalho: Azim, A. Relative Potencies of Anastrozole and Letrozole to Suppress Estradiol in Breast Cancer Patients Undergoing Ovarian Stimulation before in Vitro Fertilization The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism (2007), Vol. 92, No. 6 2197-2200.

Cristiane da Rocha. Azevedo (C1)


INVESTIGAÇÃO DO FATOR DE NECROSE TUMORAL α VIA DA RESISTÊNCIA INSULÍNICA:

Várias citocinas pró-inflamatórias têm sido implicadas na resistência insulínica, predispondo ao desenvolvimento de diabetes tipo 2. A fosforilação da serina do substrato do receptor de insulina (IRS-1) é um mecanismo bem conhecido pelo qual a sinalização de insulina é negativamente regulada; o fator de necrose tumoral α (TNFα) fosfoloriza os resíduos na serina do IRS-1 através da ativação de várias serina-quinases. Outro mecanismo que produz resistência insulínica é a indução de supressores de proteínas de sinalização de citocinas (SOCS), contudo, a relação entre estes dois mecanismos não é completamente entendida.Isao Usui e cols na University of Toyama no Japão avaliaram a associação entre SOCS3 e fosforilação na serina do IRS-1 na resistência à insulina induzida pelo TNFα em adipócitos 3T3-L1. Os autores observaram que o tratamento com TNFα estimulou a fosforilação na serina do IRS-1 dentro de 10 minutos a uma hora, enquanto 4 horas de tratamento foram necessárias para inibir a fosforilação em tirosina do IRS-1 estimulada por insulina. Baixos níveis de SOCS3 degradam de forma eficiente o IRS-1 depois da fosforilação na serina do IRS-1 induzida pelo TNFα. Os pesquisadores concluem que a resistência insulínica provavelmente não é causada pela fosforilação na serina do IRS-1 ou indução da SOCS3 isoladamente, mas os dois mecanismos juntos suprimem efetivamente a sinalização da insulina. Tratamento crônico com TNFα parece inibir a sinalização da insulina devido ao fato de ambos acentuarem a fosforilação em serina do IRS-1 e induzirem baixos níveis de expressão de SOCS3 nos adipócitos 3T3-L1. Referência do trabalho: Ken, I et a. Chronic Tumor Necrosis Factor- Treatment Causes Insulin Resistance via Insulin Receptor Substrate-1 Serine Phosphorylation and Suppressor of Cytokine Signaling-3 Induction in 3T3-L1 Adipocytes. Endocrinology (2007), Vol. 148, No. 6 2994-3003

Carolina Preissler (C1)


ATIVINA-A AUXILIA NO DIAGNÓSTICO DA GESTAÇÃO ECTÓPICA:

A maioria dos resultados fatais das gestações ectópicas (EP) resulta de atraso no diagnóstico e investigação inapropriada. A suspeita inicial da gestação ectópica é classicamente feita por ultra-sonografia transvaginal, mas o diagnóstico pode não ser feito em 8 a 31% dos casos. Na busca de um marcador preditivo universal de confiança que pudesse ser reproduzido de modo simples um grupo de pesquisadores da University of Siena, Itália, liderados por Felice Petraglia, M.D., investigaram o potencial das medidas de ativina-A. O grupo realizou um estudo prospectivo para avaliar 536 gestantes com queixas de sangramento, dor ou cólicas. Intervenções clínicas incluíram um exame físico completo, US transvaginal, dosagens de hCG, progesterona e ativina-A, laparoscopia, curetagem uterina e exame histológico. Baseados nos desfechos gestacionais, os pesquisadores avaliaram a sensibilidade, especificidade e valores preditivos de hCG, progesterona e ativina-A como testes diagnósticos para gravidez ectópica. Os desfechos incluíram 155 gestações intra-uterinas viáveis, 305 abortamentos espontâneos no primeiro trimestre e 76 gestações ectópicas. Pacientes que abortaram espontaneamente tinham concentrações de hCG e progesterona significativamente mais baixas e aquelas com gravidez ectópica confirmada tinham níveis de hCG e progesterona notavelmente inferiores do que pacientes com gestações viáveis e níveis de ativina-A muito mais baixos que qualquer um dos outros grupos. Uma análise da curva mostrou que um ponto de corte de 0,37ng/dl para a ativina-A resultou em uma sensibilidade de 100% e especificidade de 99,6% como um preditor de gravidez ectópica. Os pesquisadores concluíram que “a probabilidade de ter uma gestação ectópica pode ser estimada mais precisamente e mais rapidamente se dosagens de ativina-A forem realizadas”. Referência do artigo: Florio P et al. Single Serum Activin A Testing to Predict Ectopic Pregnancy. J Clin Endocrinol Metab.(2007); 92: 1748-1753

Carolina Preissler (C1)


NOVO MARCADOR PARA RISCO DCV EM CRIANÇAS COM DIABETES:

Sabe-se que o diabetes aumenta o risco de doença cardiovascular do indivíduo e, em último caso, a morbidade e a mortalidade. Estudos têm mostrado que crianças com diabetes mellitus tipo 1 podem ter sinais de aterosclerose subclínica, como o aumento da espessura íntima-média das artérias carótida comum (EIM), mas estes estudos tem usado diferentes análises metodológicos e tem produzido resultados contraditórios. Uma equipe de pesquisadores de Ludwig-Maximilians-University em Monique, Alemanha, estudou 150 crianças com diabetes tipo 1 com uma média de idade de 13,9 +/- 2,8 anos, 66 do sexo masculino, média da HbA1c de 7,8 +/- 1,4%, e 58 controles saudáveis, média de idade 14,1 +/- 3,1 anos sendo 32 do sexo masculino. Eles usaram valores normais de EIM para comparação dos resultados. As medidas de EIM foram realizadas por ultra-sonografia de alta resolução modelo B. Os resultados foram que EIM foi mais alta em 37 dos 150 pacientes com diabetes, mas próximo ao normal nos controles. Outros parâmetros que estavam mais altos entre estas 37 crianças (por um modelo multilinear de regressão) foi idade de início do diabetes, média diária de dose de insulina, pressão arterial sistólica, e nível de colesterol total. No grupo de pacientes, 25 eram hipertensos e tinham um aumento significativo da EIM comparado com os outros. Assim como ocorreu em estudos prévios, a equipe foi incapaz de estabelecer uma correlação direta entre os valores de HbA1c e EIM. Os pesquisadores concluíram que a mensuração EIM detectou ateroscleroses subclínica. Eles sugeriram que a mensuração longitudinal pode ajudar a identificar pacientes com especial risco para mudanças ateroscleróticas e doença cardiovascular. O trabalho completo pode ser lido no artigo: Dalla, J. Clin. Endocrinoly. Metabolism (2007): 92(6): 2053-7.

Vanessa Montijo Vasques (C1)


UMA NOVA FORMULAÇÃO DO EXENATIDE, DE USO SEMANAL, MELHORA O CONTROLE GLICÊMICO E PROMOVE PERDA DE PESO EM PACIENTES COM DM2.

Dr. Kim e colaboradores estudaram o efeito da administração subcutânea semanal do exenatide de liberação prolongada por quinze semanas sobre os parâmetros glicêmicos, peso, farmacocinética, segurança e tolerabilidade em 45 pacientes com DM2. Ambas doses de exenatide LAR (long acting release,) de 0.8mg e 2.0mg reduziram significativamente a glicemia plasmática de jejum e a média da concentração diária de glicose sanguínea, enquanto ambas, glicemia de jejum e média diária de glicose sanguínea, eram maiores no grupo placebo. Os resultados indicaram que a HbA1c diminuiu progressivamente até o final do período de tratamento no grupo com exenatide LAR e apresentou aumento no grupo placebo. O peso corporal diminuiu progressivamente, alcançando uma média de perda de 3.8kg no grupo com 2.0mg de exenatide LAR, mas permaneceu estável no grupo placebo e no grupo usando 0.8mg de exenatide LAR. “Não houve eventos sérios relatados com o uso do exenatide, e nenhum dos eventos adversos leves e moderados requereram a descontinuação do uso do exenatide LAR”. O trabalho completo pode ser lido no artigo: Kim, D. et al. Effects of Once-Weekly Dosing of a Long-Acting Release Formulation of Exenatide on Glucose Control and Body Weight in Subjects With Type 2 Diabetes. Diabetes Care (2007): 30:1487-1493.

Gisele Dazzi Lorenzoni (C1)


DESINTEGRADORES ENDÓCRINOS RESTRINGEM AÇÃO TIREOIDIANA:

Produtos químicos desintegradores endócrinos (EDCs) constituem uma classe diversa e onipresente de substâncias químicas que compreendem poluentes industriais, constituintes de plantas e muitos outros. Mesmo alguns filtros UV usados em grande escala em protetores solares e cosméticos são suspeitos de serem EDC. Os efeitos reprodutivos de alguns EDCs são bem estudados, mas sua ação desintegradora tireoidiana também tem sido uma crescente preocupação. Um grupo de pesquisa liderado por Cornelia Schmutzler, Ph.D., da Charité-Universitatsme, Alemanha, testou EDCs que inibem etapas chaves da biosíntese de hormônio tireoidiano catalisadas pela tiroperoxidase (TPO). Os autores descobriram que o F21388 (uma flavanóide sintética), bisfenol A e o filtro UV benzofenona 2 (BP2) inibem a TPO recombinante humana (hrTPO) em um ensaio in vitro. Quando comparados a duas drogas anti-tireoideana, metimazol e propiltiouracil, o BP2 inibe de forma mais potente 20 e 200 vezes, respectivamente. O BP2 em combinação com o co-substrato da TPO, H2O2 inativou a hrTPO, mas quantidades micromolares de iodo protegeram a HrTPO. O BP2 não inibiu a captação de iodo em células tireoidianas de ratos. Segundo os autores o BP2 também interfere com o eixo da tireóide em vivo. Em ratos tratados com BP2 o T4 total sérico diminuiu significantemente e a tireotropina sérica aumentou significantemente. Assim, se o filtro UV benzofenona 3, o BP2, puder penetrar na pele humana, isto acarretará um possível risco para hipotireoidismo. Os EDCs podem agravar a deficiência de iodo, um problema que ainda permanece amplo mesmo em países desenvolvidos. Referência do artigo: Schmutzler, et. al. The Ultraviolet Filter Benzophenone 2 Interferes with the Thyroid Hormone Axis in Rats and Is a Potent in Vitro Inhibitor of Human Recombinant Thyroid Peroxidase. Endocrinology (2007) Vol. 148, No. 6 2835-2844.

Vanessa Montijo Vasques (C1)


RELAÇÃO ENTRE O TRATAMENTO POR RADIOIODO E MORTALIDADE NO HIPERTIREOIDISMO.

É conhecida a ligação entre o tratamento com radioiodo ( RAI ) para hipertireoidismo e o aumento do risco de morte, entretanto não está claro, até hoje, se este risco é devido aos efeitos do RAI ou ao próprio hipertireoidismo. Um grupo de pesquisadores na Finlândia liderado por Saara Metso, M.D., do hospital universitário de Tampere conduziram um estudo populacional de coorte para esclarecer a associação. Eles acompanharam 2793 pacientes que tinham recebido tratamento com RAI para hipertireoidismo entre 1965 – 2002 e compararam com um grupo controle do mesmo sexo e idade. A taxa total de mortalidade entre os pacientes tratados foi alta, 453 em 10000 pessoas/ano e de 406 no grupo controles. As doenças cerebrovasculares contribuíram para o maior aumento da mortalidade, entre os pacientes (RR = 1,40 ), embora câncer tenha apresentado alta incidência ( RR = 1,29 ). O risco de morte foi maior em pacientes com mais de 60 anos. A mortalidade aumentou com a dose e foi elevada em doença nodular tireoidiana, mas não na doença de Graves. Pacientes que realizaram tireoidectomia tiveram redução da taxa de mortalidade e aqueles sem medicação anti-tireoideana apresentaram taxa de mortalidade similar aos controles. O grupo concluiu que o hipertireoidismo por si só provavelmente contribui para a alta mortalidade por doenças cerebrovasculares depois do tratamento e que pacientes submetidos ao tratamento com RAI devem ser monitorados por um longo período. Metso, S. et al. Increased Cardiovascular and Cancer Mortality after Radioiodine Treatment for Hyperthyroidism The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism (2007), Vol. 92, No. 6, 2190-2196.

Cristiane da Rocha. Azevedo (C1)


SUPLEMENTOS, PRECURSORES ESTERÓIDES E SAÚDE DO ADOLESCENTE:

Precursores esteróides anabólicos (também chamados pró-hormônios) são substâncias que podem ser convertidas, pelo corpo, em esteróides anabólicos apresentando todos os seus efeitos clínicos virilizantes. Entretanto, devido à sua estrutura química, os precursores esteróides podem também ser convertidos no principal hormônio feminino, estrogênio, o que pode causar aumento das mamas em homens. Até recentemente, os precursores esteróides eram aconselhados e vendidos como suplementos dietéticos para aperfeiçoamento do desempenho atlético e imagem corporal. Embora, atualmente, banido, o uso destes produtos por atletas profissionais e fisiculturistas tornou-se popular, principalmente entre os jovens. Os mais comuns incluem androstenodiona, androstenediol, norandrostenodiona, norandrostenediol e dehidroepiandrosterona (DHEA). Pelos seus efeitos colaterais muitos desses esteróides são atualmente comprados de forma ilegal. A DHEA, banida pela Liga Nacional de Futebol e Liga Principal de Baseball nos E.U., é a única que permanece não regulamentada pelo Governo Federal Americano e continua acessível nas lojas. Infelizmente, embora a maioria dos suplementos dietéticos com precursores esteróides não estejam disponíveis há algum tempo no país, eles podem ser obtidos ilegalmente e através da Internet. Nos E.U. tem assustado o aumento do consumo destas substâncias entre estudantes da 9ª a 12ª série, incluindo as meninas. Alguns desses efeitos colaterais são reversíveis enquanto outros não. Em adolescentes, em fase de crescimento, um dos maiores riscos do uso de precursores esteróides anabólicos é o permanente prejuízo da estatura. A suspeita que um jovem está usando esses medicamentos por conta própria pode ser evidenciada quando há mudanças de comportamento, emocionais ou psicológicas, particularmente agressividade aumentada, mudanças na composição corporal com notável crescimento muscular, rápido ganho de peso, aumento de acne e edema facial, mamas aumentadas em meninos e diminuídas em meninas. Outros efeitos colaterais estão descritos no site http://jcem.endojournals.org/cgi/reprint/90/9/0.pdfg.

Mariana Aparecida Machado Teixeira (C1)


III. GUIDELINES


NOVO GUIDELINE CLÍNICO E PRÁTICO NO TRATAMENTO DA DOENÇA TIREOIDEANA DURANTE A GRAVIDEZ.

A Sociedade endócrina anunciou a realização e publicação de um guideline prático para o manuseio de problemas tireoidianos presentes durante a gravidez e no pós-parto. O manuseio da doença tireoidiana durante a gestação requer condições especiais desde que a gravidez pode afetar o curso das desordens tireoideanas, assim como desordens tireoideanas podem afetar o curso da gestação. Esse guideline foi desenvolvido pelo Dr. Leslie De Groot, MD, professor de medicina na Brouwn University . As recomendações do guideline incluem:

• Hipertireoidismo e gravidez: tanto o hipertireoidismo maternal como o fetal precisam ser evitados para prevenir prejuízos do desenvolvimento neural fetal e evitar o risco de aborto e complicações de um parto prematuro.

• Nódulo tireoidiano e câncer: Punção aspirativa com agulha fina para citologia deve ser realizada no nódulo tireoidiano dominante descoberto na gravidez.

• Tratamento com iodo radioativo: O Iodo radioativo deve ser evitado durante a gravidez e amamentação. Mais ainda, a gravidez precisa ser evitada por seis meses a um ano em mulheres com câncer tireoidiano que receberam tratamento com doses de iodo radioativo para assegurar estabilidade da função tireoidiana e confirmar a remissão do câncer de tireóide.

• Investigação da disfunção tireoidiana durante a gravidez: Um screening geral de doenças tireoideanas em mulheres grávidas ainda não é um consenso, mas deve ser realizado nos casos de grupos específicos de pacientes que tem risco aumentado para esta condição.

O guideline foi desenvolvido por uma equipe internacional da sociedade endócrina: Membros da equipe incluíram representantes da Endocrine Society, American Thyroid Association, Association of American Clinical Endocrinologists, European Thyroid Association e a Sociedade Latino Americana de Tireóide e está disponível no site http://www.endo-society.org/publications/guidelines/index.cfm.

Leniane Pereira Coelho da Fonseca (C1)


IV. RESPOSTA E DISCUSSÃO DO CASO CLÍNICO.

A resposta correta é a letra “c”. Os testes bioquímicos são inequívocos para um tumor secretor de normetanefrina. A media do diâmetro de tumores secretores de catecolaminas é 4.4 cm. Estes tumores não são pequenos e geralmente não é difícil encontrá-los. Em pacientes sintomáticos sem doença familiar, uma massa adrenal de 1 cm muito raramente se revelaria como um feocromocitoma. Alem disso, assimetria na captação adrenal de MIBG-123I pode ser normal. Testes adicionais incluindo RNM da pelve revelou uma massa vascular de 4x5 cm localizada a direita da bexiga. Retrospectivamente, esta massa correspondia à área de maior captação pélvica revelada na cintigrafia com 123I-MIBG, inicialmente considerada uma bexiga normal. Após a paciente ser preparada adequadamente com bloqueio alfa e beta adrenérgico, o paraganglioma paravesical de 7x6.5x5 cm foi cirurgicamente ressecado. Um ano após a cirurgia, ela permanecia normotensa, com metanefrinas plasmáticas fracionadas e metanefrinas e catecolaminas urinárias fracionadas normais. O autor deste estudo, o Dr. William F. Young, apresenta no artigo uma discussão mais ampla. Quem tiver interesse pode ler o artigo integral no site da ENDOCRINENEWS.

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