1. Histórico: O Curso de Pós-Graduação (Especialização) em Endocrinologia, criado em 1959, é ministrado no Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia, instituição padrão no plano nacional, com intensa atividade na pesquisa e no ensino superior, em virtude de convênio celebrado entre a PUC/RJ e a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro. Após quase 40 anos de existência, esse programa demonstra sua experiência através da formação de mais de 500 médicos Especialistas e Mestres, com a aprovação de 101 dissertações de Mestrado e manutenção de atividade científica contínua, com a publicação de inúmeros trabalhos em revistas especializadas e participação em Congressos Científicos de âmbito nacional e internacional, o que testemunha a eficiência com que desenvolve sua programação.

2. Objetivos do Curso de Especialização: Aprofundar e diferenciar os conhecimentos obtidos durante a graduação, familiarizando o aluno com a fisiopatologia, semiologia, métodos diagnósticos e terapêuticos da patologia endócrina.- Capacitar o aluno a adotar condutas diagnósticas e terapêuticas, atuais e éticas, bem como desenvolver a
capacidade de se atualizar, mantendo um espírito crítico e autocrítico.


06/12/2010

Endo Pills - 18

Informação cientifica de ação rápida - Ano 3 N° 18

Curso de Especialização em Endocrinologia - PUC
Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione

Prof.: Luiz César Povoa (A48)
Ricardo Martins Rocha Meirelles (A38)
Editores: Claudia Pieper (A22), Rosa Rita Santos Martins (A34) e Isabela Bussade (A8)
Editores Associados: Walmir Coutinho (A22) e Edna Pottes (A35)
Composição Gráfica: Wallace Margoniner

PESQUISAS SOBRE TELÔMEROS E RIBOSSOMOS RECEBEM NOBEL DE MEDICINA E DE QUÍMICA

O Prêmio Nobel de 2009 vem reforçar a necessidade que os médicos têm de rever sua opinião sobre temas relacionados à Genética. Cada vez mais se torna claro que a frase que Sócatres tanto repetiu e que muitos acham que era de sua autoria “Conhece-te a ti mesmo” envolve não só a parte psíquica como a biológica. Pesquisas sobre câncer, envelhecimento, resposta terapêutica a quimioterápicos, antivirais, antibióticos e susceptibilidade para doenças crônicas são hoje voltadas para o estudo do genoma humano e seu papel na fisiologia celular.

Telômeros são localizados nas regiões terminais dos cromossomos, constituídos de repetições em série da sequência (TTAGGG) e são importantes para a replicação dos cromossomos e para a integridade dos mesmos durante o processo de divisão celular; a manutenção dos telômeros é realizada pela telomerase, enzima responsável por adicionar a sequência (TTAGGG) nas extremidades dos cromossomos quando estas se perdem. Na ausência da telomerase as extremidades cromossômicas se tornam mais curtas levando a morte celular. Todo esse processo ocorre de modo fisiológico e cada célula tem sua quantidade de telômeros e telomerases necessários para seu tempo de vida, ou seja, os telômeros têm papel fundamental no controle do número de divisões que uma célula deve ter até sua morte. Nas células cancerosas a taxa de proliferação celular é acelerada, o que deveria diminuir os telômeros, entretanto estas células reativam a atividade da telomerase levando ao desenvolvimento do câncer.

O prêmio Nobel de Medicina em 2009 foi entregue a três doutores em Biologia Molecular: Dra. Elizabeth Blackburn (Departamento de Microbiologia e Imunologia da Universidade da Califórnia), Dra. Carol W. Greider (Universidade Jonhs Hopkins de Medicina, Baltimore) e o Dr. Jack Szostak (Instituto Médico do Hospital Geral de Massachusetts). As duas primeiras descobriram a telomerase em 1984 e desde então elas e o Dr. Jack Szostak vêm publicando trabalhos sobre a telomerase nos processos de envelhecimento celular e nas divisões celulares alteradas nas células cancerígenas, propiciando o desenvolvimento de novas pesquisas sobre envelhecimento e novas opções terapêuticas para o câncer.

Ribossomos: organela citoplasmática composta de RNA ribossômico e proteína, sobre a qual os polipeptídios são sintetizados a partir do RNA mensageiro (mRNA); são constituídos de muitas proteínas estruturais diferentes em associação com tipos especializados de RNA conhecidos como RNAs ribossômicos (rRNA) É nos ribossomos que ocorre o processo de tradução do mRNA. Essa tradução envolve ainda um terceiro tipo de RNA, o RNA transportador (tRNA) que faz a ligação molecular entre o código contido na sequência de bases de cada mRNA e as sequências de aminoácidos da proteína a ser codificada.

O prêmio Nobel de Química foi concedido a três cientistas: Venkatraman Ramakrishnan (Laboratório de Biologia Molecular MRC, em Cambridge, Reino Unido), Thomas Steitz (Instituto Médico Howard Hughes, na Universidade de Yale, EUA). E Ada Yonath (Centro Helen & Milton A. Kimmelman de Estruturas Biológicas e Biomoleculares do Instituto Weizmann, Israel). Estes pesquisadores realizam estudos sobre a estrutura dos ribossomos facilitando o entendimento de sua conformação e funcionamento, o que vem contribuindo para o entendimento de como agem os antibióticos nos ribossomos das bactérias e porque processos se cria a resistência bacteriana aos medicamentos, permitindo assim que sejam desenvolvidos novos antibióticos.
Rosa Rita Santos Martins


A EXPOSIÇÃO A SUBSTÂNCIAS OBESOGÊNICAS PREDISPÕE CÉLULAS TRONCO A TORNAREM-SE ADIPÓCITOS

A hipótese ambiental da obesidade propõe que a exposição pré e pós-natal à substâncias químicas ambientais contribui para adipogênese e obesidade. Os mecanismos essenciais para doença metabólica permanecem pouco compreendidos, mas muitos dados de estudos epidemiológicos humanos e em modelos animais indicam que a nutrição materna e outros estímulos ambientais influenciam no desenvolvimento e induzem mudanças permanentes no metabolismo e na suscetibilidade a doenças crônicas como diabetes.

Os compostos organoestânicos - Tributilestanho (TBT) são disruptores endócrinos, a exposição pré-natal a eles é uma conhecida causa de acúmulo de gordura em adultos. Usados amplamente na agricultura e indústria, os compostos organoestânicos têm entrado em grande quantidade no meio ambiente, deste modo, pesquisadores da Universidade da Califórnia, Irvine, liderados pelo Doutor Bruce Blumberg, buscaram definir melhor como a exposição pré-natal a TBT afeta a fisiologia nos adultos. Seus achados reforçam a hipótese de que atinge o feto durante o desenvolvimento do tecido adiposo e modifica o pool gerador do estroma multipotente em favor do desenvolvimento dos adipócitos.

Eles descobriram que, in vitro, TBT sensibiliza as células tronco multipotentes tanto de tecido adiposo humano quanto de ratos para sofrerem adipogênese. Em um modelo animal a exposição pré-natal modificou o comportamento das células tronco em favor da produção de adipócitos. A equipe de pesquisadores descobriu que a exposição ao TBT é associada a mudanças na metilação do DNA na população de células tronco multipotente, e que a exposição pré-natal ao TBT aumenta a expressão gênica adipócito-específica.

Em um artigo aguardando publicação no Molecular Endocrinolgy, os pesquisadores afirmam que a exposição ao TBT em fases precoces da vida altera o comportamento das células tronco em favor da produção de adipócitos. Estes resultados oferecem uma potencial explanação para as propriedades obesogênicas do TBT e ilustram como compostos xeonobióticos atingem o feto podendo afetar a adipogênese e obesidade.
Aline Isabel Rodrigues (C2)


MEDIDA DO OSSO CORTICAL E NÍVEIS DE SHBG EM HOMENS

O estrógeno e a testosterona exercem um papel conhecido no metabolismo ósseo e a proteína ligadora de hormônios sexuais (SHBG) parece ser outro possível fator determinante.

Os hormônios sexuais determinam o desenvolvimento e crescimento do esqueleto, além de atuar na manutenção após alcance do pico de massa óssea. Por esse motivo, pesquisadores do hospital universitário da Bélgica estudaram a relação entre os níveis de SHBG e as características ósseas de 667 homens saudáveis, na faixa etária de 25-45 anos.Utilizaram raio-X e tomografia computadorizada quantitativa analisando tíbia e rádio com parâmetros de osso cortical. Foram comparados os achados radiológicos com os resultados de SHBG, testosterona e estradiol. Após ajustes para as frações livres de esteróides, observaram que os maiores níveis de SHBG foram encontrados em indivíduos com maior densidade óssea cortical e maior circunferência do periósteo. Maior densidade mineral do osso trabecular também foi associada a menores níveis de SHBG. Esses resultados sugerem um possível papel da SHGB como fator independente na determinação da massa óssea.Porém, mais estudos são necessários para a confirmação desses dados e para definir se a SHBG teria um papel significativo ou apenas complementar no metabolismo ósseo.
Cláudia Mendes Guimarães Gontijo (C2)


IDENTIFICADOS NOVOS GENES DO DIABETES TIPO 2

Pesquisadores, avaliando o genoma dos genes da suscetibilidade ao diabetes mellitus tipo 2 (DM2), podem ter feito um grande achado. Um grupo internacional de pesquisa identificou 13 novas variantes genéticas que influenciam a regulação de glicemia; resistência insulínica e função de células beta - alguns dos quais parecem aumentar o risco para tal doença.

A colaboração, envolvendo centenas de cientistas em mais de 100 instituições na Europa, Estados Unidos, Canadá e Austrália, caiu no grupode Meta Análises relacionadas à glicose e à insulina (MAGIC - Meta Analyses of Glucose and Insulin Related Traits Consortium), que recentemente publicou dois artigos online no Nature Genetics.

Um artigo relatou uma meta análise envolvendo cerca de 50.000 indivíduos, com reprodução em outras 76.558 pessoas, mostrando nove novas variantes genéticas que influenciam a glicemia de jejeum (ADCY5, MADD, ADRA2A, CRY2, FADS1, GLIS3, SLC2A2, PROX1 E C2CD4B). Dentres estes, ACDY5 E PROX1 foram associados a risco aumentado de DM2.

O segundo estudo de glicemia após Teste de Tolerância a Glicose, identificou 3 novas variantes gênicas que influenciam os níveis de glicose (VPS13C, GCKR, TCF7L2), com ADCY5 sobrepujando as variantes achadas no primeiro estudo para serem associadas ao diabetes.

Os resultados nos dão novas direções para pesquisas futuras na biologia do DM2, que é um crescente problema de saúde pública no mundo todo", disse o diretor dos Institutos Nacionais de Saúde, Francis S. Collins, autor dos dois artigos.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) mais de 200 milhões de pessoas em todo mundo são afetadas pelo DM2, que mata mais de um milhão de pessoas por ano. Sua prevalência mais que dobrou nos últimos 30 anos, devido principalmente a um aumento da obesidade. Progresso em identificar e entender os genes envolvidos são a chave para combater o DM2.

Com mais genes identificados, podemos ver padrões surgirem", disse José Florez, pesquisador no Hospital Geral de Massachusetts e co-autor em um dos estudos. "Achar essas novas vias pode nos ajudar a entender melhor como a glicose é regulada, distinguir entre variações normais e patológicas na glicemia e desenvolver novas terapias.
Letícia Mauricio Garcia Japiassú (C2)


ADIPOCINAS NOS OSSOS

A doença que geralmente se manifesta em idosos, a Osteoporose, pode ter seus primórdios na infância e na adolescência. Fatores que alteram a formação ou reabsorção ósseas em jovens poderiam afetar, significativamente, o risco de fratura osteoporótica mais tarde na vida. A obesidade foi sugerida como um desses fatores, mas ainda não há um consenso se ela estaria ligada realmente à remodelação óssea.

Recentemente, algumas provas evidenciaram a ligação dos hormônios derivados dos adipócitos – adipocinas, incluindo leptina e adiponectina – ao tecido adiposo e ao osso.

Esperando para expor mais sobre esses “culpados”, Xiaobin Wang, M.D., M.P.H., SC.D., do Children`s Memorial Hospital em Chicago, e seus colegas realizaram um estudo transversal em gêmeos chineses residentes em áreas rurais. Eles avaliaram 675 meninos e 575 meninas, com idades entre 13-21 anos, medindo seus níveis de adipocinas plasmáticas pela tecnologia fluxométrica xMAP (análise de múltiplos perfis) e medindo também massa gorda, massa magra e parâmetros ósseos (área do osso, conteúdo mineral do osso, área tranversal e módulo de seção) pela DEXA.

Em um próximo artigo a ser publicado no “The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism”, os pesquisadores descreveram uma relação entre a massa óssea e o nível plasmático de adipocinas. Especificamente, a adiponectina foi inversamente associada com o conteúdo mineral ósseo em indivíduos do sexo masculino, mas não em indivíduos do sexo feminino, após ter sido ajustada para a massa magra, peso corporal, IMC ou massa magra e massa gorda simultaneamente. A leptina foi inversamente associada à área óssea do corpo inteiro e da coluna lombar em meninas após ajuste para massa magra e massa gorda.

“Embora as relações entre adipocinas e ossos pareçam ser específicas para cada gênero”, os autores assinalam a possibilidade de que genes ainda não identificados até o momento ou influências ambientais possam estar envolvidos na patogênese da doença.
Paula Flecher Bittencourt Schlobach (C2)

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