1. Histórico: O Curso de Pós-Graduação (Especialização) em Endocrinologia, criado em 1959, é ministrado no Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia, instituição padrão no plano nacional, com intensa atividade na pesquisa e no ensino superior, em virtude de convênio celebrado entre a PUC/RJ e a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro. Após quase 40 anos de existência, esse programa demonstra sua experiência através da formação de mais de 500 médicos Especialistas e Mestres, com a aprovação de 101 dissertações de Mestrado e manutenção de atividade científica contínua, com a publicação de inúmeros trabalhos em revistas especializadas e participação em Congressos Científicos de âmbito nacional e internacional, o que testemunha a eficiência com que desenvolve sua programação.

2. Objetivos do Curso de Especialização: Aprofundar e diferenciar os conhecimentos obtidos durante a graduação, familiarizando o aluno com a fisiopatologia, semiologia, métodos diagnósticos e terapêuticos da patologia endócrina.- Capacitar o aluno a adotar condutas diagnósticas e terapêuticas, atuais e éticas, bem como desenvolver a
capacidade de se atualizar, mantendo um espírito crítico e autocrítico.


06/12/2010

Endo Pills - 17

Informação cientifica de ação rápida - Ano 3 N° 17

Curso de Especialização em Endocrinologia - PUC
Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione

Prof.: Luiz César Povoa (A48)
Ricardo Martins Rocha Meirelles (A38)
Editores: Claudia Pieper (A22), Isabela Bussade (A8) e Rosa Rita Santos Martins (A34).
Editores Associados: Walmir Coutinho (A22)e Edna Pottes (A35)
Composição Gráfica: Wallace Margoniner

ISÔMEROS DO ÁCIDO LINOLÉICO INIBEM ADIPOGÊNESE

As pessoas podem estar mais familiarizadas com os benefícios para a saúde dos ácidos graxos ômega-3 em peixes, como o salmão, mas o ácido linoléico conjugado, um ácido graxo ômega-6 trans encontrado em derivados de laticínios e carnes, pode também ajudar a combater doenças inflamatórias como a osteoporose e a obesidade.

Owen Kelly, Ph. D do Departamento de Nutrição da Universidade do Estado da Flórida e seus colegas investigaram se níveis fisiológicos (20µM, equivalente a 3-4 porções de laticínios) de CLA (ácido linoléico conjugado) ou uma mistura de seus isômeros dominantes cis-9, trans-11 e trans-10 beneficiariam os ossos e reduziriam a adipogênese. O grupo, liderado por Jasminka Ilich, Ph.D, usou três linhagens celulares: osteoblastos (MC3T3-E1), adipócitos (MC3T3-L1) e células-tronco estromais (ST2).

Um pôster apresentado recentemente no Encontro da Sociedade Americana para a Pesquisa dos Ossos e Minerais revelou que a combinação de 80% 9,11-CLA com 10% 10,12-CLA, os quais representam os níveis encontrados em laticínios provenientes de animais alimentados com capim, não reduziram significativamente a proliferação osteoblástica, mas o CLA isoladamente e outras misturas tinham redução significativa desta proliferação. Igualmente nos adipócitos, a proliferação foi significativamente reduzida em todas as combinações, exceto pela combinação de 90% de 9,11-CLA com 5% 10,12-CLA, a qual pode refletir os níveis encontrados em vacas alimentadas com cereais ou trigo. Nas células estromais, a proliferação apresentava tendência à queda, sugerindo que cada isômero possa influenciar vias opostas. Os pesquisadores notaram que as taxas menores de proliferação podem demonstrar que as células estão em processo de diferenciação – algo que eles estão tentando esclarecer. De qualquer forma, a proliferação de todas as três linhagens celulares apresentou uma tendência à redução em baixas concentrações de CLA; essa pesquisa sugere que a proporção dos isômeros pode ser a chave para elucidar a verdadeira função do CLA.

Como outros estudos mostraram que os benefícios do CLA para os ossos envolviam concentrações bem maiores de CLA que este estudo, os autores conjecturam que “a dieta ocidental pode não conter quantidades suficientes deste ácido graxo bioativo para promover a osteoblastogênese”.

Paula Flecher B. Schlobach (C2)


EFEITOS DO ARZOXIFENO SOBRE DENSIDADE MINERAL ÓSSEA E ENDOMÉTRIO

Na busca por mais opções para proteger e recuperar a densidade mineral óssea (DMO), especialmente em mulheres na pós menopausa, cientistas tem investigado um agonista/antagonista do estrogênio benzotiofeno, o hidrocloreto de Arzoxifeno. Um aprovado modulador seletivo do receptor de estrogênio da mesma classe, o Raloxifeno, tem sido associado a eventos tromboembólicos venosos. O ensaio Ruth em mulheres com doença cardíaca ou risco de desenvolvê-la em uso de Raloxifeno mostrou que a incidência de Acidente Vascular Cerebral (AVC) ou morte não foram aumentadas, mas que a de morte por AVC o fora. Arzoxifeno tem maior biodisponibilidade e potência como agonista estrogênico que o Raloxifeno.

Dr. Michael Bolognese e colaboradores, do Bethesda Health Research Center, testaram 20 mg/dia de Arzoxifeno com relação aos seus efeitos sobre a DMO e segurança, inclusive para o útero. Seu estudo, randomizado, duplo-cego controlado, teve duração de dois anos e envolvia 331 mulheres em pós menopausa, com idades entre 45 e 60 anos e normal ou baixa massa óssea (T-score entre – 2.5 e 0).

Comparativamente ao grupo placebo, a droga aumentou significativamente a DMO em coluna lombar (+2.9%) e bacia (+2.2%) e diminuiu os valores dos marcadores bioquímicos do metabolismo ósseo. Mulheres utilizando Arzoxifeno não apresentaram alterações ou diminuição da densidade mamária em relação ao grupo placebo e nenhum grupo apresentou hiperplasia endometrial ou carcinoma. Incidência de espessamento endometrial, pólipos uterinos, sangramento vaginal e fogachos não apresentaram diferença significativa entre os dois grupos estudados. Não houve aumento na incidência de fogachos com Arzoxifeno quando comparado ao placebo.

Entretanto, infecções fúngicas vulvovaginais ocorreram com maior freqüência no grupo utilizando Arzoxifeno. Em seu artigo publicado no JCEM (The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism)*, os pesquisadores disseram não haver clareza quanto ao significado daquele achado.

O financiamento de tal experimento veio de Lilly Reasearch Laboratories, os quais estão desenvolvendo o medicamento. Muitos dos pesquisadores do estudo são remunerados por Lilly. Um grande estudo está a caminho para avaliar os efeitos do Arzoxifeno sobre fraturas, câncer de mama e sua segurança.

*Bolognese M, Krege JH, Utian WH, ET AL. Effects of arzoxifene on bone mineral density and endometrium in postmenopausal women with normal or low bone mass. J Clin Endocrinol Metab.

Aline Maciel (C2)


GRELINA CAUSA OBESIDADE ABDOMINAL

A compreensão dos mecanismos reguladores da deposição de gordura inicia-se em nível celular. O volume de tecido adiposo branco expande através do aumento no número de adipócitos (adipogênese) e/ou do tamanho do adipócito. Ampliação do adipócito pode resultar de melhora da ingestão de substrato, síntese de lipídeos (lipogênese) ou redução do uso e transporte de lipídeos.

O hormônio gástrico Ghrelina é a chave para regulação do estoque de lipídeo no tecido adiposo branco. Secretado durante jejum ou restrição alimentar, ele ativa receptores dos secretagogos de hormônio do crescimento (GHS-R1a), para estimular neurônios de vias orexígenas e promover ingestão de gordura.

No entanto, estudos celulares da Ghrelina têm apresentado resultados contraditórios, provavelmente por diferentes modos de exposição e de fontes de adipócitos. Em estudo recente publicado na Molecular Endocrinology, Tim Wells, Ph.d. e colegas, da Universidade de Cardiff, no Reino Unido, demonstraram solucionar tais discrepâncias através da exploração de mecanismos celulares envolvidos no impacto da Ghrelina na adiposidade abdominal.

Os pesquisadores descobriram que Ghrelina acetilada, administrada a ratos por infusão intravenosa crônica , alterou a distribuição abdominal de gordura: tecido adiposo branco retroperitoneal e inguinal aumentaram de volume, enquanto a gordura mesentérica, epididimal e do tecido subcutâneo superficial não sofreram alteração significativa.

Diferente de seus achados recentes na medula óssea, Ghrelina não acetilada – a forma mais abundante na circulação – não influenciou na adiposidade abdominal.

Porém, Ghrelina acetilada demonstrou aumentar adipócitos abdominais, provavelmente por reduzir o transporte de lipídeos, ao invés de elevar a ingestão de substrato ou lipogênese.

Efeitos da Ghrelina na obesidade abdominal foram dependentes de GHS-R1a, porém a sensibilidade relativa de diferentes grupos não correspondeu ao nível de expressão do receptor.

Além disso, a regulação diferencial do sinal de transdução (incluindo pares de receptores com potencial de oligomerização), e/ou o controle de lipídeos, provavelmente determinou a sensibilidade individual do tecido adiposo branco dos grupos à exposição de Ghrelina.

Ghrelina acetilada também causou acúmulo de gordura no fígado, elevando o número de gotículas de lipídeos e do conteúdo de triacilglicerol, através de um mecanismo dependente de GHS-R1a.

Os pesquisadores concluíram que Ghrelina eleva a massa de tecido adiposo branco abdominal, mas somente em grupos específicos, e age via mecanismo dependente de GHS-R1a.

Assim, para se obter uma perda de gordura sustentável nesses grupos, considerando que a maioria está associada a Síndrome Metabólica, seria necessário bloqueio na sinalização da Ghrelina.

Débora Batista Araujo (R2)


EXERCÍCIOS AERÓBICOS MELHORAM A LIPÓLISE EM PORTADORAS DE SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS.


A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOPC) é a endocrinopatia feminina mais comum, atingindo cerca de 5%-10% das mulheres em idade reprodutiva. Esta síndrome é definida pelo excesso de androgênios (testosterona livre aumentada ou hirsutismo), pela irregularidade menstrual e pela presença de ovários policísticos.

Pesquisas recentes também relacionaram SOPC com obesidade central, resistência à insulina e hiperinsulinemia, levando as pacientes à um risco adicional de desenvolver Diabetes tipo 2 e doença cardiovascular.

A lipólise dos adipócitos desempenha um papel na resistência à insulina. Os adipócitos das mulheres portadoras de SOPC mostram múltiplos defeitos na lipólise mediada por catecolaminas. Além das catecolaminas, a Insulina e o Peptídeo Atrial natriurético (PAN) também regulam a lipólise dos adipócitos. A resistência lipolítica às catecolaminas pode ser reduzida pela perda de peso, mas não pelo tratamento com anticoncepcionais orais, indicando que outros fatores além da hiperandrogenicidade modulam a lipólise em mulheres com SOPC.

Uma equipe de pesquisa liderada pela Dr. Leanne M. Redman, Ph. D., da Pennington Biomedical Research Center (em Baton Rouge, La.) investigou se a regulação da lipólise pelo PAN; pelas catecolaminas e pela insulina eram ou não diminuídas nas mulheres com SOPC e se o treinamento aeróbico poderia reverter este efeito.

A pesquisa foi realizada com um grupo de 8 mulheres obesas, hiperandrogênicas com SOPC (idade média de 25±1 ano; IMC:32±1,6kg/m2) comparadas com o grupo controle composto por 7 mulheres (pareadas por IMC). O estudo in vivo e in vitro foi feito antes e após 16 semanas de um programa de exercícios físicos numa esteira ergométrica.

No artigo, que será publicado em breve na revista The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, a equipe relata que a estimulação da lipólise pelo PAN e a supressão da mesma pela insulina eram diminuídas nas mulheres portadoras de SOPC comparadas com o grupo controle. No entanto, ambas as funções foram parcialmente recuperadas após 16 semanas de exercícios aeróbicos, independente de mudanças do peso corporal ou da dosagem de hormônios sexuais.

Os investigadores sugerem que um regime de exercícios físicos combinados com uma dieta pobre em calorias pode ser um tratamento importante para aumentar a lipólise e, o que é mais importante, estimular a perda de peso nas portadoras de SOPC.

(Moro C, Pasarica M, Elkind-Hirsch K, Redman LM. Aerobic exercise training improves atrial natriuretic peptide and catecholamine-mediated lipolysis in obese women with polycystic ovary syndrome. J Clin Endocrinol Metab, in press)

Isabel Antonia B. Castro (C2)


O UNDECANOATO DE TESTOSTERONA COMO CONTRACEPTIVO


Um novo método contraceptivo masculino está em vista, de acordo com dados recentes do maior estudo multicêntrico, até hoje, a respeito da eficácia contraceptiva hormonal masculina. Desde os anos 70, pesquisadores têm buscado a viabilidade de androgênios exógenos, tais como, testosterona, para suprimir a espermatogênese. O candidato mais bem sucedido tem sido o undecanoato de testosterona (UT) injetável (veículo oleoso), mas foram realizados poucos estudos em grande escala avaliando a sua eficácia. O Dr Now Yiqun Gu e colaboradores, do Instituto Nacional de Pesquisa para o Planejamento Familiar em Pequin-China, conduziram um estudo clínico de fase III com este composto. Eles recrutaram 1045 chineses férteis e saudáveis e administraram injeções mensais de 500 mg de UT por 30 meses, seguido por um período de recuperação de 12 meses. A equipe definiu a eficácia contraceptiva como supressão da espermatogêse que resulta em azoospermia ou oligozoospermia severa (1 x 106 /ml).

Durante os 6 primeiros meses (fase de supressão), casais usaram métodos contraceptivos de barreira e os homens coletaram amostras de sêmen nos meses 3,5 e 6. Se os homens apresentassem 2 amostras com azoospermia ou oligoospermia severa, e se o teste de gravidez de sua parceira fosse negativo, era iniciada a fase de eficácia por 24 meses, nos quais o único contraceptivo utilizado eram as injeções de UT. Na fase de recuperação, os casais utilizaram métodos contraceptivos padrão e os homens colheram amostras a cada 3 meses por 12 meses. Somente 4,8% dos participantes (n=43) não apresentaram azoospermia ou oligoospermia na fase de supressão. Houve 9 gravidezes em 1554 pessoas-ano expostas na fase de eficácia de 24 meses, para uma taxa de falha contraceptiva cumulativa abaixo de 1,1/100 homens. A espermatogênese retornou à faixa fértil normal na fase de recuperação em todos, exceto, 2 participantes.

No artigo a ser publicado no The Journal of Clinic Endocrinology Metabolism, os autores sugerem que TU pode ser uma opção de contracepção aplicável.

Lílian Grace Moura de Lucena (C2)


HORMÔNIO DE CRESCIMENTO INALATÓRIO PARA CRIANÇAS

“Crianças tratadas com hormônio de crescimento (GH) têm que lidar com o desconforto de injeções subcutâneas, o que dificulta a aderência, então pesquisadores tentaram achar métodos alternativos. Avanços na tecnologia do aerosol que quebraram o tamanho das partículas e diminuíram sua densidade e tendência para aglomerarem, ajudaram a tornar a inalação uma opção.

Estudos recentes a curto prazo em adultos mostraram que GH inalatório é seguro. Agora, uma pesquisa investigando a segurança, tolerabilidade e farmococinética do tratamento com GH inalatório em crianças têm mostrado resultados promissores.

Emily C. Walvoord, da Indiana University School of Medicine, Indianopolis, e colegas, conduziram um estudo randomizado, multicêntrico, duplo- cego, controlado com placebo com 2 fases de tratamento com duração de 1 semana cada. Eles deram a 22 pacientes, com idade de 6-16, GH inalatório (pó de somatrotofina inalatório) ou GH subcutâneo (Humatrope), trocando pela a outra forma na segunda semana. O grupo mediu o GH e o IGF-1 (insulin growth factor 1) várias vezes e assessaram a farmacocinética e farmacodinâmica usando métodos não- comportimentais. Eles também pesquisaram a função pulmonar.

A ser relatado em breve no “Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism”, os pesquisadores relatam que a absorção do GH parece ser mais rápida após inalação, com concentração sérica máxima em 1-4 horas em comparação com 2-8 horas para GH subcutâneo. O valor relativo da bioavalibilidade para GH inalatório foi 3,5% (90%, IC:2,7- 4,4%), e a biopotência, baseada da resposta do IGF-1 foi 5,5% (IC:5,2- 5,8%). Aumentos similares dose- dependentes na área do valor médio do GH sérico abaixo da curva e mudanças no valor de base do IGF-1 ocorreram após doses inalatórias e subcutâneas.

Os autores, a maioria dos quais eram empregados de Eli Lilly e Co durante o estudo que a firma fundou, concluiu que este estudo estabeleceu que “GH administrado via pulmonar é factível em crianças”. Entretanto, eles acrescentam que permanecem dúvidas em relação à segurança em administrar GH diretamente nos pulmões.”

Letícia Mauricio Garcia Japiassú (C2)

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