1. Histórico: O Curso de Pós-Graduação (Especialização) em Endocrinologia, criado em 1959, é ministrado no Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia, instituição padrão no plano nacional, com intensa atividade na pesquisa e no ensino superior, em virtude de convênio celebrado entre a PUC/RJ e a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro. Após quase 40 anos de existência, esse programa demonstra sua experiência através da formação de mais de 500 médicos Especialistas e Mestres, com a aprovação de 101 dissertações de Mestrado e manutenção de atividade científica contínua, com a publicação de inúmeros trabalhos em revistas especializadas e participação em Congressos Científicos de âmbito nacional e internacional, o que testemunha a eficiência com que desenvolve sua programação.

2. Objetivos do Curso de Especialização: Aprofundar e diferenciar os conhecimentos obtidos durante a graduação, familiarizando o aluno com a fisiopatologia, semiologia, métodos diagnósticos e terapêuticos da patologia endócrina.- Capacitar o aluno a adotar condutas diagnósticas e terapêuticas, atuais e éticas, bem como desenvolver a
capacidade de se atualizar, mantendo um espírito crítico e autocrítico.


02/12/2010

Endo Pills - 2

Informação cientifica de ação rápida - Ano 1 N°2

Curso de Especialização em Endocrinologia - PUC
Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione

Prof.: Luiz Cesar Povoa (A45)
Ricardo Martins Rocha Meirelles (A35)
Editor: Rosa Rita Santos Martins (A31)
Editores Associados: Walmir Coutinho (A19), Edna Pottes (A32)
Composição Gráfica: Wallace Margoniner

Pílulas da Experiência

Conhecimento e Cultura

A Universidade vem se preocupando com transmissão do conhecimento especifico, se esquecendo da cultura. O exercício da medicina exige cultura. O Dr. Hans Graft (A25), hoje pesquisador de renome internacional é um exemplo disto.

Quarteto Graf: O Quarteto Graf foi formado em 1963, por ocasião dos Festivais de Música em Curitiba, que ocorriam anualmente em janeiro. Mais tarde seus componentes: Christiano – violino, Ulrike – viola, Hans – violino e Joachim – violoncelo, seguiram caminhos diferentes. Christiano é físico, professor sênior da UFPR, Ulrike é musicista, professora de musica da EMBAP (piano e viola), Hans é médico, professor da FEPAR. Todos foram fortemente influenciados em sua formação pela mãe Esther Graf. No dia 25 de janeiro de 2003, foram celebrados os 90 anos da construção do Templo da Igreja Luterana, construída pelo Pastor Carlos Frank na Rua Inácio Lustosa. A lembrança forte da figura do avô Pastor Frank, que também era músico, fez nascer com entusiasmo a idéia coletiva do Quarteto Graf voltar a sua formação original. Nesta 12a. apresentação do Quarteto Graf, é uma honra participar da abertura do XII Encontro Brasileiro de Tireóide – Junho 2006

(Luiz César Povoa –A45)

ARTIGOS PUBLICADOS

I – Detectando o uso ilícito de esteróides

Expectadores da última olimpíada de inverno em Turino, Itália, observaram recordes mundiais realizados por atletas naturalmente habilidosos que treinaram seus corpos e habilidades durante anos de muito trabalho, para ter suas conquistas. Provavelmente, isso foi na maior parte verdade, mas o trabalho de alguns farmacêuticos como Don H. Catlin, M.D., da Universidade da Califórnia – Los Angeles (UCLA) é estar atento para sinais de atletas que usaram esteróides para melhorar sua performance, dando aos seus corpos uma vantagem extra. Para desempenhar bem seu trabalho, ele diz que necessita da ajuda de endocrinologistas.

Ele disse aos participantes da conferência dos escritores da sociedade de endocrinologia em dezembro: “Atualmente a endocrinologia é realmente fundamental no auxílio a detecção de drogas nos atletas, pois é um campo onde muitos avanços da medicina se realizam, e estes são potenciais avanços para trapaças no esporte”.

O uso ilícito de esteróides não é novidade. A história é cheia de exemplos memoráveis de atletas que estavam utilizando drogas proibidas e subseqüentemente perderam a chance de fazer parte da história do atletismo.

A atenção pública ao abuso de drogas no esporte surgiu em 1988 quando o canadense Ben Johnson foi punido com a perda da medalha de ouro e o recorde dos 100 metros rasos, por utilizar esteróides anabolizantes (stanazolol). Esta droga já era conhecida há algum tempo, mas era difícil detectar em testes até aquele momento.

A lista de esteróides é grande e não há testes laboratoriais para todos eles. Além da dificuldade de detectar todas essas substâncias, as autoridades têm um trabalho ainda mais difícil, pois os atletas podem usar esteróides que já existem no organismo, como a testosterona e espectrômetros de massa não podem diferenciar uma da outra, então é preciso utilizar outros métodos.”. Isto significa desenvolver testes de diferenciá-las. “Nós precisamos de muitos gráficos e tabelas para embasar nossa afirmação”, diz o Dr. Catlin. “Basicamente, atletas “espertos” podem ainda usar estas substâncias hoje e não serem detectados, mas nós estamos um pouco melhor.”

Infelizmente, os atletas podem comprar todo tipo de esteróides, na internet, pois são vendidos como suplementos desde de 1994. Dr. Catlin diz que isso trouxe pessoas não qualificadas para esta área, e a falta controle de qualidade.

Num certo sentido, o problema está piorando com o surgimento de designers de esteróides como o norboletone e outro com pequenas quantidades de norboletone e gestrinome.

Os operadores do Mercado Negro estão operando com um consórcio de químicos, laboratórios e sistema de distribuição e, assim que os cientistas desenvolvem um teste laboratorial para detecção, a droga desaparece e uma nova toma lugar. Uma das drogas mais perigosas que aumentam a performance é o uso de eritropoetina, que alguns atletas usam para produzir quantidades excessivas de hemácias e aumentar a oferta de oxigênio aos músculos. Outro hormônio suspeito de abuso é o GH, para o qual também não existe teste adequado para detecção.

Olhando no horizonte, está o problema do “gene-dopping”. Nós poderíamos manipular os genes e fabricar super-atletas.

O nome das substâncias que fazem patê da lista anti-doping pode ser encontrada no texto integral: Dettecting illegal steroids. Catth Kristiansen. Endocrinews, March 2006, 10-12.

Aline Moreira Nabuco de Oliveira (R1)

II – Esteróides anabolizantes: atração fatal?

Apesar do seu uso implicar em suspensão temporária ou definitiva, atletas olímpicos, ciclistas profissionais e até jóqueis, já tiveram teste positivo para esteróides anabolizantes. Contudo, o uso dessas substâncias não é mais exclusivo de atletas profissionais tendo uma incidência de uso em torno de quatro por cento entre colegiais norte-americanos, valor este comparável à utilização de outras substâncias ilícitas, como: crack (3,6%) ou heroína (1,6%).

O uso desses esteróides ocorre por seus feitos anabolizantes, particularmente aumento de massa muscular magra com intuito de melhorar a performance atlética. Entretanto, esteróides também apresentam ações androgênicas, exacerbando características sexuais masculinas. Usuários dessas drogas buscam maximizar os efeitos anabólicos e minimizar os efeitos colaterais androgênios, porém todas as substâncias são derivadas da testosterona e, portanto, combinam ambos os efeitos.

Esteróides anabolizantes também afetam o comportamento e o sistema nervoso central, através de neurônios portadores de receptores par androgênios. O abuso dessas medicações pode provocar euforia, depressão, ansiedade, paranóia e atitudes violentas. Estes efeitos podem ocorrer durante o uso ou até mesmo durante a retirada dessas substâncias.

Ainda não se tem uma posição concreta se os esteróides causariam dependência, pois seu uso repetido pode ocorrer pela melhoria física e de desempenho atlético que eles produzem. Todavia, sintomas que caracterizam a dependência como tolerância e abstinência estão freqüentemente presentes entre seus usuários.

O potencial dos esteróides em levar o vício certamente depende da quantidade, freqüência, tipo de esteróide e da susceptibilidade individual, devendo-se ter em mente que os efeitos dessas drogas não se limitam à massa muscular.

Este texto foi publicado pr Ruth I Wood, Keck School of Medicine University Soutern Califórnia Los Angels, CA, USA e pode ser acessado pelo site: http://www.neuroendo.org.uk.

Miguel Madeira (R1)

III – Tireoidite pós-parto

Tireóide pós-parto é uma inflamação da glândula tireóide que geralmente ocorre no período de um ano após o parto. Ocorre em 5/100 pacientes após o parto. E existem usualmente duas fases da doença: hipertireoidismo e hipotireoidismo.

Na fase do hipertireoidismo a glândula é agredida e libera grande quantidade de hormônio (T3 e T4) no sangue. Essa fase dura cerca de dois a quatro meses, podendo ocorrer: perda de peso repentina, aumento dos batimentos cardíacos, nervosismo, sudorese, sensibilidade ao calor.

A Tireóide pode ser danificada por meses e se ela não retornar ao normal ocorrerá a segunda fase: hipotireoidismo. Essa fase pode durar até um ano, com diminuição progressiva dos hormônios tireoidianos. Muitas mulheres com hipotireoidismo têm bócio e sintomatologia como: ganho ponderal inexplicado, cansaço, pele seca ou unhas quebradiças, queda de cabelo, sensibilidade ao frio.

Os fatores de risco para tireoidite pós-parto são: história pessoal ou familiar de problemas da Tireóide (por exemplo: Doença de Graves) e história prévia de tireoidite.

Algumas mulheres que desenvolvem hipertireoidismo após o parto retornam ao normal em poucos meses sem passar pela secunda fase de hipotireoidismo. A maioria, entretanto passa pela secunda fase. Dentre essas mulheres, cerca de 1/5desenvolvem hipotireoidismo permanente em três a quatro anos.

A tireoidite pós-parto é diagnosticada pela sintomatologia já descrita e pelos níveis T4 livre, TSH, valores de captação de iodo radiativo e níveis de anticorpos anti tireoidianos.

O tratamento deve ser realizado com endocrinologista especialista em tiróide. O trabalho original pode ser consultado em (Hormone & You, Pospartum Thyroiditis, Pacini, F et al., J. Clin. Endocrinol. Metabol., 2006)

Tatiana Batista Gonçalvez (R1)

IV – Revisão sobre a qualidade de vida nos pacientes com distúrbios benignos da tireóide

A importância de resultados relatados por pacientes tais como a qualidade de vida é cada vez mais reconhecida na pesquisa clínica. A fim de render resultados válidos, as propriedades da medida dos questionários que avaliam qualidade de vida, devem ser completamente investigadas. Um aspecto de tal processo de validação é a demonstração satisfatória, isto é que o questionário abrange todos os aspectos relevantes. Toquil Watt e cols revisaram os estudos que relatam as conseqüências dos distúrbios da tireóide e apresentaram a freqüência de aspectos identificados e sintomas clássicos da tireóide, a fim de avaliar se tais publicações são relevantes para pacientes com tireoideopatia.

Uma busca sistemática foi executada no Medline, Cinahl e na base de dados da Psycinfo e as listas de referências dos artigos relevantes foram citadas. Identificados setenta e cinco estudos. De acordo com estes estudos, os pacientes com doença tireoidiana não tratada sofrem com larga gama de sintomas e têm grande prejuízo na qualidade de vida a curto e longo prazo. Seis questionários sobre qualidade de vida para pacientes com distúrbios da tireóide foram identificados. Geralmente, os dados que suportam a validade destes questionários foram escassos. De acordo com a literatura disponível, a qualidade de vida de pacientes com tireoideopatia é prejudicada na fase não tratada e continua assim, em muitos pacientes, durante algum tempo. Os estudos que exploram sistematicamente a importância da variedade dos aspectos dos pacientes com distúrbios tireoidianos se ressentem da falta de um questionário detalhado, específico e validado sobre sua qualidade de vida. O texto completo pode ser obtido em Torquil Watt e cols. “Quality of life in patients with benign thyroid disorders. A review”. European Journal of Endocrinology, Vol 154, Issue 4, 501-510

Paula Sobral Perricelli (C1)

V – Hormônios, mulheres e câncer de mama

O câncer de mama é uma das neoplasias malignas mais comuns nas mulheres americanas, principalmente para aquelas que tiveram a menarca cedo (antes dos 12 anos) ou menopausa tardia (após 55 anos).

É mais freqüente nas mulheres mais velhas, naquelas que não tiveram filhos ou o tiveram após 30 anos de idade, e também as que fizeram reposição hormonal combinada (estrogênios e progestágenos) por mais de 5 anos (sabemos que o estrogênio e os progestágenos podem causar um crescimento do tecido mamário mais rápido que o normal).

A forma mais comum de fazer o diagnóstico é pelo exame físico da própria mama ou através da mamografia, USG de mama, aspiração por agulha fina e Core biopsy (consegue colher um pedaço de tecido do nódulo). Pacientes com história familiar de câncer deverão fazer uma mamografia anual antes dos 40 anos, mesmo sem sintomas.

O tratamento depende do tipo e do estágio do câncer e tipicamente inclui: cirurgia, radioterapia, quimioterapia, terapia hormonal, ou a combinação de todos. Atualmente outras drogas tais como anastrazole, letrazole e examestaze vêm sendo utilizadas. Todas essas terapias afetam o útero e os ossos.

O tamoxifen também pode ser usado para prevenir o câncer em pacientes com risco de desenvolver câncer da mama.

O texto completo, editado por Lorraine Fitzpatrick e Richard Santem pode ser acessado no site www.hormone.org.

Joana Rodrigues Dantes Pereira (R1)

VI – Obesidade infantil: Quem é o responsável?
As últimas duas décadas tem mostrado um aumento de três vezes na prevalência da Obesidade infantil nos EUA, e um aumento concomitante na lista de comorbidades. Freqüentemente, a falta de informação dos pais sobre a importância de uma dieta saudável e níveis de exercícios apropriados de suas crianças é considerada como sendo a causa.

É a obesidade infantil simplesmente um resultado de escolhas de pais desinformados? Eles precisam freqüentemente trabalhar em múltiplos empregos, limitando a supervisão da criação depois da escola ou na hora das refeições, e não podem sempre dar as crianças boas escolhas para uma vida saudável.

As forças dos alimentos industrializados atrás desta epidemia podem ultrapassar o controle mesmo dos pais interessados. Porções de alimento estão crescendo e “Fast-Food” altamente calóricos são mais disponíveis que as alternativas sadias. A indústria alimentar tem desempenhado papeis principais em disseminar esta epidemia.

Meninos progressivamente diminuem seu gasto energético após a puberdade e meninos não ficam atrás. Entre as muitas causas de imobilidade estão: a falta de educação física mandatória nas classes de aula e ausência de ginásio esportivo em muitas escolas novas e parques públicos e ruas inseguras. Enquanto a atividade aumentada por si só não pode substituir uma dieta não apropriada, exercícios podem ajudar manter a perda de peso e melhorar a saúde por diminuir a resistência insulínica.

Diferenças genéticas e metabólicas existem entre indivíduos e grupos étnicos. Crianças afro-americanas são mais resistentes a Insulina e tem menor gasto energético em repouso que caucasianos. Estudos familiares indicam uma influência genética definida no ganho de peso com alguns mais afetados que outros.

Medicações e Tratamento Cirúrgico.

Das medicações disponíveis, somente Orlistat é aprovada, nos Estados Unidos, para crianças maiores que 10 anos. A perda de peso em menos que 10%, não parece suficiente para a maioria dos obesos, mas mesmo uma perda de 10% pode melhorar a saúde metabólica. Medicamentos também só vão agir se houver mudanças de hábitos diários. Outra questão levantada neste artigo é sobre qual será a conduta em termos de duração de tratamento. Quando medicamentos mais eficazes forem desenvolvidos tenderá a ser aceito uma vida de medicação iniciada antes da puberdade e continuada pelas décadas seguintes para tratar uma condição adquirida, do mesmo modo que tratamos Diabetes ?

Alternativamente, deve a cirurgia de Bypass gástrico, que em muitos (mas nem todos) promove tratamento eficaz, ser a norma numa idade jovem?

Discussão sobre o futuro e sobre um consenso produzido por um comitê internacional sobre prevenção de obesidade será publicado no The J. of Clinical Endocrinology & Medicine, 2006 e no site www.obesityInAmeric.org.

Ana Lúcia Marinho Vinagre (C1)

VII – Bexaroteno aumenta captação de raioiodo nas metástases do carcinoma diferenciado de tireóide

As opções de tratamento das metástases do tumor diferenciado de tireóide são limitadas pela captação reduzida de I-131, tornando essencial o desenvolvimento de estratégias que aumentem esta captação. Já foi sugerido que os retinóides têm efeito de aumentar a captação de iodo in vitro e em humanos. Até o presente dia, entretanto, só existem estudos com ácido 13-cis-retinóico em humanos. Este é um estudo prospectivo intervencionista com objetivo de estudar o efeito de 6 semanas de tratamento com Bexaroteno (ativador do receptor retinóide X) na captação do I-131 em pacientes com tumor tireoideano diferenciado metastático.

Selecionados 12 pacientes com metástases de tumor tireoideano diferenciado e captação insuficiente de I-131. Estes pacientes receberam 300 mg de Bexaroteno por dia, durante seis semanas. Antes e após a intervenção, a captação de I-131 foi medida através de cintilografia de corpo inteiro e tomografia com emissão de fótons (SPECT) 3 dias após 185 MBq de I-131.

O tratamento com Bexaroteno induziu a captação de I-131 em metástases de 8 dos 11 pacientes (um paciente morreu de causas não relacionadas ao estudo). Entretanto, este aumento de captação só era perceptível no SPECT e tinha correspondência incompleta com as metástases visualizadas pela tomografia computadorizada. Portanto, as conclusões do estudo são de que o Bexaroteno aumentou parcialmente a captação de I-131 pelas metástases de tumores tireoideanos diferenciados e que a relevância clínica deste achado pode ser limitada pela resposta heterogênea de diferentes metástases em cada paciente e pela baixa captação de I-131. O texto completo pode ser lido em Ying Y Liu e cols. Bexarotene etastase uptake of radioiodide in metastases of diffentiated thyroid carcinoma.

European Journal of Endocrinology, 154 (4):525-531,2006

Leandro Kasuki Jomori de Pinho (R1)

VIII - Duas perspectivas na etiologia e tratamento da disfunção erétil – Uma questão de coração ou de cérebro?

A disfunção erétil é uma desordem extremamente comum, sendo apenas uma das várias queixas sexuais dos homens. Os melhores dados epidemiológicos sugerem que um em cada três adultos do sexo masculino sofre de algum grau de disfunção erétil. A prevalência e a severidade da disfunção aumentam com a idade, apesar de não haver idade na qual é “normal” ter disfunção erétil.

O mecanismo molecular de uma ereção envolve múltiplas vias, mas se acredita que a principal seja a via do ácido nítrico-guanosina cíclica (GMPc). O óxido nítrico (ON) é produzido a partir de L-arginina, reação catalizada pela enzima óxido nítrico sintetase. O ON entra na célula do músculo liso e se liga à guanilato-ciclase (GTP). A enzima fosfodiesterase tipo 5 (PDE-5), dentro da célula muscular lisa, metaboliza GMPc em 5´GMP, o qual inibe a ereção. Os agentes orais atualmente disponíveis usados para tratar disfunção erétil atuam através da inibição seletiva da PDE-5. Portanto, eles previnem a quebra do GMPc e amplificam qualquer sinal que aumente o pênis.

Opções terapêuticas para disfunção erétil incluem terapia sexual, terapia hormonal, medicações orais, medicações penianas e acessórios (externos ou implantáveis cirurgicamente). Estes agentes atuam através da inibição da PDE-5. A eficácia e os efeitos colaterais destes medicamentos são similares. A maior diferença entre eles é a farmacocinética, com alguns tendo uma meia-vida maior que outras.

Hormônios cerebrais e neurotransmissores do sistema nervoso central desempenham um importante papel nas ereções penianas normais. Perturbações destes hormônios e neurotransmissores comumente causam disfunções sexuais e eréteis.

Testosterona é necessária para a libido normal e para ereções quantitativa e qualitativamente normais. Estudos em humanos e animais indicam que a testosterona facilita (diretamente ou através de seus metabólitos) a vasodilatação peniana normal e a tumescência em resposta ao estímulo sexual. Além disso, a testosterona pode sincronizar as respostas penianas e do sistema nervoso central ao estímulo sexual.

Hormônios cerebrais como prolactina e melanocortina modulam as funções sexual e erétil. A prolactina tende a inibir as funções sexual e erétil, e alguns pesquisadores propuseram que elevações pós-orgasmo deste hormônio induzem saciedade sexual e refratariedade ao desejo sexual e ereções.

As melanocortinas são peptídeos derivados da propiomelanocortina (POMC) e são largamente expressas no sistema nervoso central e em vários tecidos periféricos. Melanocortinas inibem o apetite e estimulam o comportamento sexual através do receptor da melanocortina-4..

Os neurotransmissores centrais – como dopamina, noradrenalina e serotonina – modulam as funções sexual e erétil. Estudos em animais têm demonstrado que dopamina e noradrenalina estimulam agudamente a função sexual masculina. Serotonina geralmente inibe ereções, apesar de a estimulação de alguns receptores de 5-hidroxitriptamina poderem aumentar as ereções. Em humanos, antidepressivos serotoninérgicos (como paroxetina, fluoxetina, citalopram e sertralina) são associados à disfunção erétil em até 30% dos homens, mas antidepressivos dopaminérgicos e noradrenérgicos (como bupropiona) ou agonistas seletivos da hidroxitriptamina 5 a1 (como mirtazapina) causam menos disfunção e podem até melhorar a função erétil.

O endocrinologista pode se envolver na avaliação inicial dos pacientes com disfunção erétil ou dos pacientes refratários aos inibidores da fosfodiesterase. Os clínicos devem avaliar cuidadosamente evidências clínicas e bioquímicas de hipogonadismo (isto é, testosterona livre calculada baixa e testosterona sérica fracamente ligada). Um estudo para reposição de testosterona deve ser considerado para homens com disfunção erétil e baixos níveis de testosterona séricos. Homens com disfunção erétil e níveis de testosterona baixos raramente respondem à monoterapia com testosterona, mas a combinação de testosterona exógena com um vasodilatador peniano como um inibidor oral da fosfodiesterase pode ter efeito sinérgico. Se possível, o endocrinologista deve também descontinuar medicações que elevam os níveis cerebrais de serotonina ou níveis séricos de prolactina. No futuro, poderá haver novas terapias neuroendócrinas para disfunção erétil, como agonistas seletivos da melanocortina.

Informações complementares sobre as diferenças de ação da testosterona em pacientes jovens e idosos, sobre outros hormônios e sobre tratramentos alternativos podem ser obtidos no artigo. Jarrow. J. P.; Amawalte, B. D. “Two Pespectives on the etiology and treatment of erectile disfunction. A matter of the heart and the brain” Endocrin Neuws (2006):8-11.

Paloma Nehab Hess (C1)

IX – Hormônios relacionados aos adipócitos de origem cerebral – Funções e regulações

Há 30 anos atrás, o cérebro já era reconhecido como um importante sítio de biossíntese de peptídeos. Atualmente são identificados mais de 50 neuropeptídeos. O AGE Pearse propôs que muitos peptídeos sejam comuns ao intestino e ao cérebro, sendo um exemplo o hormônio Grelina. Diante deste contexto, é intrigante que hormônios peptídicos específicos dos adipócitos, como a Leptina, tenham atraído pouca atenção como prováveis neurotransmissores ou neuromoduladores.

A Leptina representa um exemplo diante da imensa família de fatores secretados por adipócitos (adipocinas). Nesta família encontramos outros fatores (Resistina, Adiponectina), o novo fator adiposo induzido pelo jejum (FIAF, Visfatina, Vaspina) e o fator de crescimento de células nervosas.

Os receptores de Leptina são amplamente distribuídos no cérebro dos roedores e dos seres humanos. Isso nos levou Michael Wilkinson a sugerir que muitos destes receptores, excetuando os localizados no hipotálamo basal, seriam apenas acessíveis a um ligante derivado do tecido cerebral, se não à Leptina de origem cerebral. Este autor demonstrou, posteriormente, que os cérebros de ratos expressavam o RNA mensageiro (RNAm) da Leptina, e que a imunorreatividade da Leptina poderia ser localizada com a ajuda de marcadores neuronais com o Neu N e Ocitocina. As investigações in vivo demonstraram que a Leptina é secretada pelo cérebro humano.

Entretanto, o insucesso na detecção do RNAm da Leptina em cérebro de murine tem influenciado profundamente no conceito atual de sua fisiologia. Todos os efeitos centrais desta adipocina são tidos como resultantes da Leptina periférica circulante entrando no cérebro, provavelmente por mecanismo de transporte saturado, e se ligando a receptores de Leptina. A difusão da aceitação desta visão, baseada apenas em dados obtidos em cobaias, negligencia os achados relativos a outras espécies sugestivos de que a Leptina de origem cerebral pode ter propriedades neurotransmissoras, neuromoduladoras ou neurotróficas.

O autor estendeu suas hipóteses originais para incluir outras adipocinas e os seus resultado sugerem que as adipocinas derivadas do cérebro devem ser consideradas como possíveis neurotransmissores, fatores tróficos e como indicadores de lesão cerebral. Os hormônios relacionados aos adipócitos de origem cerebral representam um novo campo intrigante de investigação. Seu trabalho completo pode ser lido no trabalho de Michael Wilkinson, The Endocrinologist (2006), 79:10.

Beatriz Ohana Marques C. de Carvalho (C1)

X – Medicina do futuro

Nanotecnologia: Ferramentas e moléculas minúsculas (texto original de Cathy Kristiansen)

Uma das fronteiras mais excitantes na pesquisa biomédica é a nanotecnologia, pela qual cientistas estão desenvolvendo e construindo as menores ferramentas químicas, para detectar e tratar doenças. Nanopartículas, nanoestruturas, nanotubos, nanocamadas, e assim por diante, se referem a materiais e dispositivos que estão na escala molecular e até atômica. Enquanto que a tecnologia de hoje pode identificar tumores com tamanho de 1 bilhão de células, a nanotecnologia pode identificar crescimento de apenas 100.000 células, e eventualmente uma única molécula no interior da célula. A nanotecnologia pode também capturar movimentos rápidos incríveis, ajudando cientistas a medir reações biológicas sub-celulares que são muito rápidas para serem detectadas com as ferramentas atuais.

Pesquisadores estão trabalhando em muitas frentes para desenvolver e colocar a nanotecnologia em uso. Entre os objetivos com relevância para a endocrinologia estão os seguintes:

• Encontrar um caminho para terapias de grupos individuais de células de sustentação tumoral, ligantes, ou receptores e evitar danificar células não relacionadas. Primeiro, entretanto, pesquisadores precisam entender melhor as vias de sinalização celulares, porque muitas moléculas pequenas de drogas interagem com múltiplas vias.

• Melhorar a restauração óssea, por exemplo pela implantação de nanocamadas de metal para realçar como a superfície óssea interage com o osso, ou nanotexturando o metal para liberar componentes químicos que o corpo reconhece, prevenindo rejeição.

• Planejar matrizes de moléculas injetáveis que se agruparão em ares danificadas e servir de molde para a formação de tecido normal.

• Encontrar uma maneira de garantir a liberação controlada de fatores de crescimento normais na ordem correta – a qual deve ser primeiro descoberta pelos sensores da nanotecnologia.

O mapa da nanomedicina assim como a Aliança pela Nanotecnologia no Câncer poderão se encontrados no texto original.

Em seu guia para aplicação da nanotecnologia e nanociência, NIH menciona que “muitas áreas da biomedicina se beneficiarão da nanotecnologia, incluindo sensores para uso em laboratórios, a clínica, e dentro do corpo humano; novas formulações e vias para remessas de drogas; e materiais biocompatíveis para uso em implantes.”

Durante os próximos 5 anos, a nanotecnologia trará avanços brilhantes na detecção precoce, imagem molecular, avaliação da eficácia terapêutica, terapêutica multifuncional, e a prevenção e controle do câncer. Apesar da nanotecnologia parecer tão promissora, muitos cientistas avisam que ainda há muitos obstáculos antes que a pesquisa possa ser transformada em produtos ou técnicas utilizáveis. “Nós queremos ter um otimismo razoável, mas um olhar crítico para qualquer uma dessas novas tecnologias.” Dr. Schloss adverte. “Biologia é complexa. Nós ouvimos sobre balas mágicas antes que curassem o câncer ou outras doenças que nunca tiveram sucesso.”

Para mais informação sobre a NIH Nanomedicine Roadmap Initiative, visite http://nihroadmap.nih.gov/nanomedicine. Para saber mais sobre NCI’s Alliance for Nanotechnology in âncer ou se cadastrar para receber emails dos novos desenvolvimentos, visite http://nano.cancer.gov. Informações gerais sobre os programas nanotecnológicos da NIH estão disponíveis na http://becon.nih.gov/nano.htm.

Camila Mont-Serrat (C1)

XI – Hot Topics

GH causa câncer?

Evidências circunstanciais ligando GH e câncer tem recentemente levantado interesse quanto ao uso da terapia com GH. O efeito poderoso antiproliferativo e anti-apoptótico do mediador do GH, o IGF-1, poderia contribuir para condições favorecendo tumorogênese.

No artigo publicado Jenskins e colaboradores, os autores avaliaram várias evidências quanto a influência potencial do GH/IGF-1 no desenvolvimento de câncer, incluindo estudos de câncer “de novo” e recorrente em pacientes em terapia com GH e pacientes portadores de acromegalia. A evidência citada apóia associação de níveis elevados GH com câncer, mas os autores concluem que evidências para doses fisiológicas de GH aumentando a incidência de tumorogênese são limitadas, e os riscos potenciais do simples retorno dos níveis GH para o normal são provavelmente menores. Os autores, entretanto, dão ênfase a acompanhamentos mais longos.

Neste mesmo assunto, comentários de Holly e Perks questionam se o assunto foi abordado de forma correta. Estes autores dão ênfase à importância de fatores ambientais internos e externos no desenvolvimento do câncer e concluem que dando IGF-1 se alteraria o ambiente interno. A questão importante é a terapia com GH vai alterar ambiente interno permitindo mais neoplasias pré-clínicas se tornarem cânceres? Correntemente não há resposta fácil para esta questão.

O artigo completo pode ser consultado na revista Clinical Endocrinology 64(2), February 2006.

.Michelle Telles Bravo (C1)

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