1. Histórico: O Curso de Pós-Graduação (Especialização) em Endocrinologia, criado em 1959, é ministrado no Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia, instituição padrão no plano nacional, com intensa atividade na pesquisa e no ensino superior, em virtude de convênio celebrado entre a PUC/RJ e a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro. Após quase 40 anos de existência, esse programa demonstra sua experiência através da formação de mais de 500 médicos Especialistas e Mestres, com a aprovação de 101 dissertações de Mestrado e manutenção de atividade científica contínua, com a publicação de inúmeros trabalhos em revistas especializadas e participação em Congressos Científicos de âmbito nacional e internacional, o que testemunha a eficiência com que desenvolve sua programação.

2. Objetivos do Curso de Especialização: Aprofundar e diferenciar os conhecimentos obtidos durante a graduação, familiarizando o aluno com a fisiopatologia, semiologia, métodos diagnósticos e terapêuticos da patologia endócrina.- Capacitar o aluno a adotar condutas diagnósticas e terapêuticas, atuais e éticas, bem como desenvolver a
capacidade de se atualizar, mantendo um espírito crítico e autocrítico.


06/12/2010

Endo Pills - 11

Informação cientifica de ação rápida

Ano 3 N° 11

Curso de Especialização em Endocrinologia - PUC

Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione


Prof.: Luiz César Povoa (A47)

Ricardo Martins Rocha Meirelles (A37)

Editores: Rosa Rita Santos Martins (A33) e Isabela Bussade (A6)

Editores Associados: Walmir Coutinho (A21), Edna Pottes (A34) e Claudia Pieper

Composição Gráfica: Wallace Margoniner


Iniciamos o terceiro ano do Endopills o que nos deixa muito orgulhosos. Para os novos que chegam, a nossa proposta é fazer uma publicação produzida pelos alunos para os alunos com informações médicas atualizadas e resumidas sobre trabalhos a serem publicados ou recém publicados além da discussão de caso clínico e opinião de especialistas convidados para discutirem assuntos “palpitantes”.Graças ao trabalho meticuloso, dedicado e competente da Dra Rosa Rita foi possível chegarmos até aqui. Conduzindo como exímia maestra, junto aos professores Dr. Luiz César, Dr.Ricardo e os editores Dr. Walmir,Dra Edna e Dra Claudia, a seleção, correção e edição dos textos trabalhados pelos alunos, Dr Rosa foi ,é e sempre será fundamental neste projeto inovador. Considerando a admiração que temos pro ela, temos juntos um desafio e espero contar com todos: manter a qualidade do EndoPills e como fruto colher mais conhecimento e sabedoria para exercermos cada vez melhor a endocrinologia.

Isabela Bussade


I. CASO CLÍNICO

Mulher de 59 anos admitida no hospital local com história de crescimento excessivo de pêlos na região da face, braços e parede abdominal associada a calvície com padrão androgênico.A paciente estava em amenorréia há 4 anos.

Sua história patológica pregressa incluía diabetes tipo 2 , hipertensão arterial , tireoidectomia e síndrome de ovários micropolicísticos.

A avaliação clínica inicial revelou níveis elevados de testosterona (8,9nmol/L, ref <2,5), índice de testosterona livre (31,8, ref 0-7) e androstenediona (13,7nmol/L, ref <6,8).SHBG e DHEA estavam normais. Os exames de imagem da supra renal e ovários, TC e RM , estavam normais.Dosagem de esteróides na urina de 24 horas foi normal.

Teste com baixa doses de dexametasona revelou supressão do cortisol, mas apenas 20% e 40% de supressão de testosterona e androstenediona.A resposta de 17OH progesterona ao estimulo de ACTH foi normal com pico de androstenediona(>200) na veia adrenal esquerda.

Pergunta-se:

1. Considerando esta amostra venosa você repetiria os exames de imagem?

2. Você indicaria administração de GnRH como próxima etapa no diagnóstico?

3. É possível tratar-se de malignidade?


II. ARTIGOS

DROGAS QUE DIMINUEM O COLESTEROL PROTEGEM CONTRA NEUROPATIA DIABÉTICA:

Um estudo epidemiológico durante 8 anos na Austrália mostrou que as estatinas e os fibratos diminuem significantemente o risco do desenvolvimento de neuropatia periférica sensorial diabética.

A média de idade dos participantes no início do estudo foi de 64 anos, com diabetes diagnosticado há 4 anos sendo 48,8% homens e 30,9% destes apresentavam neuropatia.

A idade, duração do diabetes, obesidade, glicemia de jejum, hipertensão sistólica, taxa de albuminúria urinária e raça foram fatores independentes no risco para neuropatia diabética, enquanto os fibratos foram associados com redução de 70% da prevalência de neuropatia periférica.

Parece que os benefícios desses medicamentos são efeitos de classe das drogas. Enquanto vários mecanismos já foram propostos, o mecanismo de ação da neuropatia permanece desconhecido. A grande teoria em relação as estatinas esta relacionada com a redução da inflamação e estresse oxidativo.

Segundo o organizador do estudo, pessoas com diabetes devem usar essas drogas para proteção cardiovascular e para proteção de neuropatia. Apesar da escolha entre utilizar fibratos ou estatina não ser fácil, as estatinas em geral são as drogas de primeira linha devido a elevada evidencia dos benefícios de prevenção cardiovascular. Lipid –lowering drugs protect against peripheral diabetic neuropathy.In Diabetes Today http://www.diabetes.org

Fabiano Marcel Serfaty (R2)



SALIVA – UM MARCADOR PARA O DIABETES TIPO 2

A saliva pode ser um marcador tanto para atividade de doença periodontal como para hiperglicemia em diabetes tipo 2 descompensado, de acordo com uma nova pesquisa.

Carol W. Bassim, MD, pesquisador do Instituto Nacional de Saúde, em Bethesda, Maryland, Estados Unidos, notou que a saliva tem muito potencial como um marcador para doença em periodontite e diabetes tipo 2.

"Nós estamos vendo que a saliva pode ser um meio para verificar doença periodontal e diabetes, mais do que o controle sérico", disse Dr. Bassim. "Nós sabemos que a inflamação e a infecção em doença periodontal é associada com o mau controle do diabetes tipo 2".

Investigadores estudaram prospectivamente indivíduos que apresentavam periodontite severa ou doença periodontal moderada. Todos tinham diabetes tipo 2 descontrolada. Especificamente, eles mediram procalcitonina salivar e correlacioram com o controle glicêmico no diabetes.

"Nós sabemos que se você fica séptico, por um momento, e tem inflamação ou infecção sistêmica severa, o nível de procalcitonina aumenta significativamente" disse Dr. Bassim.

Dr. Bassim e colegas coletaram amostras da saliva total não estimulada através de expectoração de 22 pacientes com periodontite e diabetes tipo 2 descontrolado; sua HbA1C excedia 7.0. Eles também realizaram um exame periodontal completo e coletaram sangue de cada indivíduo.

A Pro CT salivar correlaciona se com sangramento gengival que indica doença periodontal ativa. Em adição, a Pro CT salivar foi correlacionada com a HbAlC, nas medidas basais e em três meses na visita de acompanhamento, não se correlacionando diretamente com a HbAlC. Mais ainda, níveis séricos de Pro CT não se correlacionaram nem com os indicadores periodontais, nem com o controle glicêmico. Níveis séricos de Pro CT estavam diminuídos comparados aos da saliva: 92 vs. 246 pg/ml. “Quantidades salivares parecem importar mais do que as séricas", observou Dr. Bassim.

Pesquisas futuras podem levar a um potencial biomarcador salivar para periodontite e diabetes tipo 2 mal controlado, de acordo com Dr. Bassim.

"Não há teste fácil e rápido para periodontite", disse Dr. Bassim. "Seria maravilhoso ter um biomarcador como a saliva neste sentido. Para os endocrinologistas, seria um meio rápido e fácil de observar os valores de HbA1C em uma aplicação clínica e acompanhar estes valores." Procalcitonin: a salivary biomarker for periodontal disease activity and hyperglycemia in uncontrolled type II diabetes. Abstract P2-231 89th Meeting of Endocrine Society.http://www.diabetesincontro.com/results

Mariana Aparecida Machado Teixeira (C2)


DIABETES GESTACIONAL LIGADO AO CÂNCER

Mulheres que tiveram diabetes gestacional podem ter um risco maior de desenvolver câncer de pâncreas, de acordo com pesquisadores americanos e israelitas, os primeiros a correlacionar as duas doenças.

Estudos prévios mostraram que pessoas com diabetes mellitus tipo 2 tem risco aumentado de câncer de pâncreas, mas os novos resultados mostram uma ligação com uma forma menos comum de diabetes causada pela liberação de determinados hormônios e ganho de peso durante a gravidez.

Câncer de pâncreas é particularmente letal devido ao diagnóstico tardio e apenas 5 % das pessoas com a doença sobrevive por 5 anos. Mais de 200 000 novos casos são diagnosticados anualmente no mundo. Mary Perrin, uma pesquisadora da New York University's School of Medicine, disse que os dados novos precisam ser confirmados em estudos futuros, mas são importantes porque o diabetes gestacional parece aumentar a taxa de risco para obesidade.

Em décadas recentes, o diabetes tomou se mais comum nos Estados Unidos e em outros lugares, em parte devido ao crescimento das taxas de obesidade. É estimado que 20,8 milhões de americanos tenham diabetes, principalmente o tipo 2. Alguns estudos têm mostrado que o diabetes pode ser o sintoma inicial do câncer de pâncreas.

Neste estudo, os pesquisadores analisaram os prontuários de 40000 mulheres que deram a luz entre 1964 e 1976 em Jerusalém. Devido aos registros detalhados feitos em Israel, os pesquisadores puderam encontrar essas mulheres e avaliar quantas desenvolveram câncer de pâncreas numa fase tardia da vida. O estudo mostrou que mulheres diagnosticadas com diabetes gestacional em uma ou mais gestação, tinham risco 5 vezes maior de desenvolver câncer de pâncreas.

Os achados representam um nível estatístico significativo do risco e estudos futuros para correlacionar as duas doenças, disse Perrin. Ela acrescentou que o risco absoluto foi muito baixo.

"Realmente é necessário ser confirmado em outros estudos, mas não deve alarmar quem teve diabetes gestacional de que elas são destinadas a ter câncer de pâncreas", disse ela.

Gestacional diabetes linked to câncer. In Diabetes in control.com http:www.diabetesincontrol.com

Katiuscia de Carli Loureiro (C2)


III. ATUALIZAÇÃO

ÁCIDO ZOLEDRÔNICO ANUAL FUNCIONA?

O ácido zoledrônico é um bisfosfonato de terceira geração, o mais potente disponível no mercado. Os estudos pré clinícos de toxicologia demonstraram um perfil farmacológico similar ao dos outros bisfosfonatos. A formulação aprovada recentemente pelo FDA e ANVISA, para tratamento da osteoporose, contém 5 mg de ácido zoledrônico e 100 mg de manitol e citrato de sódio como excipiente e deve ser administrada em infusão venosa durante 15 minutos. A droga atua na via do mevalonato inibindo a enzima farnesyl difosfato sintase, reduzindo a atividade osteoclástica e promovendo a sua apoptose sem comprometer a formação óssea ou a mineralização óssea. A via venosa tem sido proposta em decorrência da observação de intolerância esofágica e baixa adesão a longo prazo dos bisfosfonatos orais.

Estudos clínicos demonstraram que os bisfosfonatos produzem um rápido efeito anti reabsortivo aumentando a BMD da coluna lombar e do fêmur proximal após 1 ano e resultados preliminares demonstram redução do risco de fraturas vertebrais e não vertebrais em pacientes de alto risco. Os marcadores de reabsorção óssea permanecem suprimidos durante 12 meses após o uso da droga. Os eventos adversos mais comuns são sintomas "flu like" (febre, mialgia, coriza) e náuseas, que podem melhorar com o uso preventivo de paracetamol. Insuficiência renal e necrose tubular renal têm sido relatadas após uso de ácido zoledrônico e, portanto a droga não deve ser usada em pacientes com clearance de creatinina menor que 30 mi/min. Devemos estar atentos par o risco de hipocalcemia principalmente em pacientes com fatores de risco, como a deficiência de vitamina D ou síndromes de má absorção. A osteonecrose da mandíbula tem sido relatada com maior freqüência após o uso dos bisfosfonatos injetáveis e a história de cirurgia dental recente ou extração dentária, infecção ou trauma são contra indicações ao uso do ácido zoledrônico.

Estudos clínicos de longo prazo e com maior número de pacientes são necessários, ao nosso ver, para confirmar a eficácia e segurança no tratamento da osteoporose.

Luiz Henrique de Gregório


RESPOSTA AO CASO CLÍNICO:

DISCUSSÃO:

Os exames de imagem foram repetidos e mantiveram-se sem alterações.

A paciente foi encaminhada a um serviço de referencia para investigação onde foi administrado análogo de GnRH( Buserilin por 4 semanas) que reduziram de forma significativa os níveis de androgênios tendo sido feito diagnostico de hiperandrogenismo ovariano e a mesma encaminhada para cirurgia.

O histopatológico de mostrou hiperplasia estromal difusa sem evidencia de malignidade.

A função ovariana pós menopausa está associada com redução de folícluos produtores de estradiol e células granulosas com persistência de células do estroma medular.O diagnóstico diferencial se faz com tumor de células produtoras de androgênios e hiperplasia estromal. A paciente tinha história previa de PCO e ainda não é claro até que ponto estes achos histopatológicos possam representar a evolução a longo prazo do PCO, uma proliferação celular característica do período de peri pós menopausa, ou uma combinação de ambos.

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