1. Histórico: O Curso de Pós-Graduação (Especialização) em Endocrinologia, criado em 1959, é ministrado no Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia, instituição padrão no plano nacional, com intensa atividade na pesquisa e no ensino superior, em virtude de convênio celebrado entre a PUC/RJ e a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro. Após quase 40 anos de existência, esse programa demonstra sua experiência através da formação de mais de 500 médicos Especialistas e Mestres, com a aprovação de 101 dissertações de Mestrado e manutenção de atividade científica contínua, com a publicação de inúmeros trabalhos em revistas especializadas e participação em Congressos Científicos de âmbito nacional e internacional, o que testemunha a eficiência com que desenvolve sua programação.

2. Objetivos do Curso de Especialização: Aprofundar e diferenciar os conhecimentos obtidos durante a graduação, familiarizando o aluno com a fisiopatologia, semiologia, métodos diagnósticos e terapêuticos da patologia endócrina.- Capacitar o aluno a adotar condutas diagnósticas e terapêuticas, atuais e éticas, bem como desenvolver a
capacidade de se atualizar, mantendo um espírito crítico e autocrítico.


06/12/2010

Endo Pills - 8

ENDO PILLS


Informação cientifica de ação rápida

Ano 2 N°8

Curso de Especialização em Endocrinologia - PUC

Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione


Prof.: Luiz César Povoa (A45)

Ricardo Martins Rocha Meirelles (A35)

Editor: Rosa Rita Santos Martins (A31)

Editores Associados: Walmir Coutinho (A19)

Edna Pottes (A32)

Claudia Pieper

Composição Gráfica: Wallace Margoniner


È com grande alegria que damos as boas vindas aos alunos do primeiro ano (residentes e cursistas 2007) que iniciam, este mês, a sua colaboração ao Endopills. Esperamos sempre contar com sua colaboração. Repetindo as palavras do Dr. Luís César Povoa no primeiro número de Endopills, este folhetim é feito pelos alunos, para os alunos, fornecendo informações de trabalhos que serão publicados, publicações recentes e eventualmente, revisões clínicas atualizadas.

Neste número iniciamos um novo item de ATUALIZAÇÃO em Endocrinologia que será aberto a todos os médicos que desejarem colaborar com um artigo de revisão clínica, diagnóstica ou terapêutica. Temos a satisfação de ter a Dra. Cláudia como estreante nos relatando sobre à resistência a aspirina nos pacientes diabéticos.

Editores


ANDROGÊNIOS REMODELAM O CÓRTEX PRÉ-FRONTAL:

Hormônios esteróides gonadais influenciam significativamente a performance cognitiva tanto em homens quanto em animais de laboratório. Acredita-se que o remodelamento de sinapses espinhais dentríticas possa mediar os efeitos cognitivos desses esteróides. Em fêmeas de ratos, níveis flutuantes de estradiol induzem mudanças na densidade das sinapses espinhais no hipocampo e estudos recentes em fêmeas de macacos e ratos sugerem que os estrógenos provocam a formação de sinapses espinhais dendríticas no córtex pré-frontal (PFC); ambos desempenham um papel decisivo na cognição. Se os esteróides gonadais induzem remodelamento de sinapses espinhais no PFC de machos adultos, contudo, permanece incerto. Csaba Leranth e cols investigaram como androgênios e estradiol influenciam o número de sinapses espinhais no córtex pré-frontal medial (mPFC) de ratos machos adultos. Para examinar o papel do receptor de androgênio, eles usaram ratos com a mutação de feminilização testicular (Tfm), que causa um erro de transcrição no receptor androgênico, reduzindo sua capacidade de ligação a aproximadamente 10 a 15% do normal. O grupo encontrou que gonadectomia reduz o número de sinapses espinhais do mPFC, mas 5α-diidrotestosterona ou estradiol-benzoato dados a ratos castrados aumentou-as, sendo estradiol-benzoato menos efetivo. Em ratos Tfm com gônadas intactas e machos Tfm castrados tratados com 5α-diidrotestosterona , o número de sinapses espinhais do mPFC foi reduzido comparado com animais selvagens intactos, porém o efeito sinaptogênico do estradiol-benzoato foi surpreendentemente aumentado em ratos Tfm. Os autores concluem que ambos, androgênios e estradiol, induzem a formação de sinapses espinhais no mPFC de ratos machos castrados, embora o estradiol seja menos potente. Receptores androgênicos são mediadores de uma grande parte da ação sinaptogênica de andrógenos no mPFC de machos adultos. Entretanto, devido a este efeito da 5α-diidrotestosterona não ser completamente perdido em ratos Tfm, mecanismos adicionais poderiam, também, estar envolvidos. De modo interessante, estas respostas sinaptogênicas pré-frontais a esteróides sexuais diferem consideravelmente daquelas previamente descritas no hipocampo. Os resultados serão relatados na Endocrinology: Hajszan, T, MacLusky NJ, Johansen JÁ, Jordan CL, Leranth, C. Effects of androgens and estradiol on spine synapse formation in the prefrontal córtex of normal and testicular feminization mutant male rats.

Carolina Preissler (C1)


PAPEL DO COMPLEXO ANDROGÊNICO NO DESENVOLVIMENTO DO TESTÍCULO FETAL:

Desordens do desenvolvimento do sexo masculino manifestadas ao nascimento ou em adultos jovens têm aumentado em incidência. Uma hipótese é que essas desordens compreendam uma síndrome de disgenesia testicular (SDT) na qual o desenvolvimento testicular anormal leva ao mal funcionamento hormonal ou das células de Sertoli e/ou Leydig durante a diferenciação sexual masculina. A exposição uterina, em ratas, a certos ésteres de “phtalate”, como a “di (n-butyl) phatalato” (DBP), usado em vários produtos como plásticos, pinturas, cola e spray de cabelo pode induzir um espectro de desordens SDT símile na prole masculina. Pesquisadores liderados por Richard M. Sharpe procuraram estabelecer se os baixos níveis androgênicos e a ação nos testículos fetais de ratos induzidos por DBP contribuem para características de disgenesia com redução do número de células de Sertoli, ocorrência de gonócitos multinucleados e agregação de células de Leydig. Os pesquisadores deram a ratas grávidas DBP e outros tratamentos como o antagonista do receptor de androgênio flutamida, o hidrocarboneto aromático policíclico carcinogênico DMBA e propionato de testosterona designados para manipular os níveis ou ação da testosterona. Exposição ao DBP isolado ou com algumas das outras substâncias causa uma redução tanto no número de células de Sertoli quanto nos níveis intratesticulares de testosterona. Os pesquisadores dizem que esta clara correlação reforça que os androgênios estão envolvidos na regulação da proliferação das células de Sertoli na vida fetal. Os resultados também indicam que níveis mais baixo de testosterona intratesticulares podem estar envolvidos na etiologia da formação de gonócitos multinucleados (MNG) e na agregação de células de Leydig. Isso sugere que essas condições não são androgênio-dependentes, mas são preferencialmente induzidas por outros efeitos do tratamento com DBP. Os resultados serão publicados na revista Endocrinology neste ano: Scott HM et al. Role of androgens in fetal testis development and dysgenesis.

Mary Maria Chaves Guimarães (C1)


BAIXOS NÍVEIS DE ANDROGÊNIOS EM MULHERES COM ANOREXIA NERVOSA:

A anorexia nervosa afeta mais mulheres em idade reprodutiva e traz efeitos colaterais como severa perda óssea, anormalidade na composição corpórea e disfunção endócrina. As disfunções incluem o hipogonadismo, hipercortisolemia e deficiência do fator de crescimento insulina-like 1(IGF-1). Mulheres com peso normal e amenorréia hipotalâmica são similarmente afetadas, porém menos severamente. Um grupo de pesquisadores acredita que os androgênios e DHEAS poderiam estar reduzidos nas mulheres com essas desordens e que o uso de contraceptivos orais poderia, a longo prazo, diminuir seus níveis em mulheres anoréxicas. As pesquisas, conduzidas por Karen k. Miller também investigaram se os níveis de androgênios e de pré-androgênios predizem composição corporal e densidade óssea. O grupo estudou 217 mulheres divididas em quatro grupos: mulheres com anorexia nervosa em uso ou não de contraceptivos orais, mulheres com peso normal e amenorréia hipotalâmica e controles saudáveis em idade reprodutiva. Eles encontraram níveis mais baixos de testosterona total e testosterona livre (mas não DHEAS) em mulheres com anorexia nervosa comparado com o controle saudável e mulheres com peso normal e amenorréia hipotalâmica. Mulheres com anorexia nervosa em uso de contraceptivos orais tiveram as menores concentrações de testoterona livre e DHEAS. O grupo também relatou uma associação positiva entre densidade mineral óssea e androgênios nas mulheres com anorexia nervosa - um achado que poderia ser clinicamente significativo em uma doença complicada por perda óssea severa. Os pesquisadores afirmam que estudos prospectivos, intervencionistas são necessários para determinar a possibilidade dos androgênios circulantes interferirem, independentemente, na densidade mineral óssea na anorexia nervosa, e, se em mulheres com essa desordem, que fazem uso de contraceptivos orais, eles levariam a longo prazo, a alterações na saúde dos ossos ou sofreriam outros efeitos deletérios. Estes resultados serão publicados este nano no J. Clin. Endocrinol. Metab: Miller KK et al. Androgens in women with anorexia nervosa and normal-weight women with hypothalamic amenorrhea.

Gisele Dazzi Lorenzoni (C1)


EXCESSO DE HORMÔNIO TIREOIDIANO INDUZ A OSTEOPOROSE:

Apesar dos hormônios tireoidianos serem essenciais para o desenvolvimento esquelético e manutenção óssea no adulto, o papel deles na osteoporose tem sido largamente subestimado. Recentemente, a deficiência do hormônio tireoestimulante (TSH), em oposição somente aos altos níveis de T3 e T4, tem sido sugerido como a causa da acelerada perda óssea e osteoporose no hipertireoidismo. Três receptores (TRα, TRβ1 e TRβ2) regulam a expressão do gene em resposta ao T3. Para esclarecer os papéis do TRα, TRβ e TSH no desenvolvimento ósseo, pesquisadores liderados por Graham Williams estudaram em ratos as deficiências do TRα (TRα0/0) ou TRβ (TRβ-/-). Ratos TRα0/0, que tinham concentrações normais de hormônio tireoidiano e TSH, desenvolveram ossificação endocondral atrasada e reduzida deposição mineral óssea na juventude, mas osteoesclerose acompanhada de reduzida reabsorção osteoclástica óssea, quando adultos. Em comparação, ratos TRβ-/-, que tinham níveis elevados de hormônios TSH e tireoidiano, eram osteoporóticos e com aumentada reabsorção óssea quando adultos, tiveram avançada ossificação com aumentada deposição mineral quando jovens. A análise da expressão do gene T3 revelou hipotireoidismo esquelético em ratos TRα0/0, mas tirototoxicose esquelética em ratos TRβ-/-.Os pesquisadores concluíram que a perda óssea é independente do TSH circulante na tireotoxicose e é mediada predominantemente pelo TRα. Conseqüentemente, TRα poderia ser “a nova droga-alvo na prevenção e tratamento da osteoporose”, segundo os autores. Maiores detalhes do trabalho podem ser lidos no trabalho: Basset, JHD et al. Thyroid hormone excess rather than thyrotropin defiiciency induces osteoporosis in hyperthyrodism. Mol Endocrinology (2007) 21(5):1095-107.

Katiuscia De Carli Loureiro (C1)


TERAPIA A LONGO PRAZO COM HORMÔNIO DO CRESCIMENTO EM ADULTOS:

Controvérsias cercam o impacto do uso, a longo prazo, do hormônio do crescimento (GH) em adultos, especialmente no que diz respeito à homeostase glicêmica. Um grupo de pesquisa do Hospital Universitário Sahlgrenska, em Götenborg, Suécia, avaliou como dez anos de terapia com GH modificou o perfil metabólico dos pacientes, em um estudo prospectivo, aberto, realizado em um único centro. O estudo avaliou 87 pacientes (52 homens) com idade média de 44.1 anos (com variação de 22 a 74), com doença pituitária de início na fase adulta. As causas incluíram adenomas pituitários secretores ou não secretores, craniofaringioma, sela vazia, síndrome de Sheehan, colesteatoma, trauma ou meningioma. Alguns casos eram idiopáticos. Em linhas gerais, 9 pacientes tinham deficiência isolada de GH e 8, 14 e 56 tinham, respectivamente, uma, duas ou três deficiências hormonais pituitárias associadas. A dose do GH foi baseada no peso corporal do início do tratamento em 64 pacientes e suas doses foram gradualmente diminuídas e individualizadas. Nos demais 23 pacientes, a dose do GH foi individualizada desde o início. A dose média inicial foi de 0,98mg/dia, dose que caiu pela metade ao final de dez anos de estudo. As alterações metabólicas incluíram uma redução mantida da gordura corporal (ajustada para idade e sexo) durante o período do estudo, melhora mantida do perfil lipídico sérico e níveis mais baixos de hemoglobina glicosilada sangüínea (HbA1c) ao final do estudo. As respostas terapêuticas dos níveis de fator de crescimento insulina símile do tipo 1, do HDL sérico e da composição corporal mensurada por densiômetros por absorção de raios X de dupla energia, foram mais nítidas nos homens, enquanto as mulheres obtiveram maior redução do níveis de HbA1c. O grupo verificou que a terapia com GH reduz inicialmente a quantidade absoluta de gordura corporal, mas este efeito pode ser atribuído ao envelhecimento natural dos pacientes. “Os efeitos nas variáveis metabólicas foram detectados tardiamente mas mantiveram-se e ainda mostraram progressão ao longo do período do estudo” dizem os pesquisadores. Os resultados e a discussão dos mesmos serão publicados em no J Clin Endocrinol Metab: Göthersotröm G et al. A ten-year, prospective study of the metabolic effects of growth hormone replacement in adults.

Mariana Aparecida Machado Teixeira (C1)


HORMÔNIO DO CRESCIMENTO MODIFICADO OFERECE EFEITOS MAIS LONGOS:

O hormônio do crescimento recombinante (GH) é usado para tratar a deficiência hormonal em crianças e adultos assim como a caquexia em pacientes com AIDS. Um inconveniente desse tratamento é a necessidade de sua administração através de injeções diárias, porque a meia-vida do hormônio circulante é de apenas algumas horas. Pesquisadores têm criado várias proteínas terapêuticas de segunda geração, com meia-vida mais longa modificando proteínas com polímeros, tais como o polietilenoglicol (PEG). A ligação covalente do PEG aumenta o tamanho da proteína e reduz sua taxa de depuração. Estudos prévios mostraram que as formas de ação longa do GH podiam ser criadas pela modificação de proteínas com os PEGs amino-reativos de 5kDa, mas esses produtos tiveram a bioatividade in vitro reduzida. George N. Cox e associados do Bolder BioTechnology Inc., reportaram uma nova classe de PEG conjugados a GH preparados com ligações alvo-específicas de PEGs de 20 kDa a um único sítio não-essencial na proteína. Os pesquisadores isolaram o grupo funcional do PEG através da introdução de um resíduo avulso de cisteína livre no GH por mutagênese dirigida a um sitio especifico e então anexaram um PEG cisteína-reativo a ele. Os pesquisadores alegaram que o análogo do GH “monoPEGilado” com cisteína, conserva alta bioatividade in vitro, tem uma meia-vida circulante mais longa que o GH normal de ratos e é um estimulador mais potente de ganho de peso e crescimento ósseo em ratos deficientes de GH. A proteína modificada foi eficaz quando administrada em dias alternados ou a cada três dias e os pesquisadores sugerem que os análogos criados por tais reações sítio-específicas no PEG são candidatos promissores para testes em humanos. Este trabalho será publicado neste ano na revista Endocrinology: A long-acting, monoPEGylated human growth hormone analog is a potent stimulator of weight gain and bone growth in hypophysectomized rats.

Olavo de Souza Costa (C1)


RESISTÊNCIA INSULÍNICA AUMENTA RISCO DE FALÊNCIA APÓS ART:

Aborto espontâneo é um risco tanto após concepção natural como após terapia de fertilização assistida. Alguns estudos nos anos recentes têm relatado uma taxa alta de aborto em mulheres acima do peso / obesas inférteis tratadas com ART, mas outros relatos têm debatido essas descobertas. Muitas mulheres obesas com ou sem síndrome dos ovários policísticos (PCOS) têm risco alto de aborto espontâneo, mas alguns estudos têm mostrado que o tratamento com metformina para reduzir resistência á insulina (IR) pode reduzir o risco de aborto. Um grupo de pesquisadores liderados por Litian, MSC investigou se resistência insulínica não tratada aumentava o risco de aborto espontâneo em PCOS / mulheres obesas. O grupo estudou 107 chinesas que engravidaram pela primeira vez após fertilização in vitro ou injeção intracitoplasmática de esperma (IRC), devido ao diagnóstico de tubas obstruídas, fatores masculinos, PCOS e outros. Mulheres de 35 anos e mais jovens tiveram dois embriões transferidos e mulheres mais velhas tiveram seis transferidos. A taxa de abortos espontâneos foi de 17,8% e a única diferença significante entre essas mulheres e as obseas continuou sendo IR. O risco de falência em mulheres com resistência insulínica reduziu significantemente após controle dos possíveis efeitos de IRC, idade, PCOS e outras variáveis. Os pesquisadores dizem que suas descobertas sugerem que IR é um fator comum no aumento do risco de falência em mulheres que tem sobrepeso/ obesidade ou PCOS. “Pacientes com IR devem ser advertidas para melhorar sua sensibilidade a insulina, através de mudanças do estilo de vida ou intervenção médica, antes do tratamento da infertilidade, para redução do risco de aborto espontâneo”. Os resultados e a discussão dos mesmos pode ser lido no trabalho: Tian L.et al. Insulin resistance increases the risk of spontaneous abortion following assisted reproduction technology treatment. J Clin Endorinol Metab (2007), 92:1430-1433.

Cristiane da Rocha Azevedo (C1)


FUNÇÃO OVARIANA REDUZIDA E PERDA OSSÉA:

A função ovariana diminuída na menopausa é frequentemente acompanhada por uma acelerada perda óssea, levando a Osteoporose. Isto também pode acontecer em mulheres na pré-menopausa, e em adolescentes. A perda da função ovariana pós-puberdade está associada com uma inibição diminuída das funções hipotalâmica e pituitária causado por baixos níveis de esteróides sexuais ovarianos e inibinas que aumentam a produção de folitropinas ou FSH e LH. Em mulheres que receberam terapia estrogênica, estudos epidemiológicos confirmaram a redução de fraturas osteoporóticas estrogênio-induzidas. De qualquer forma, tem sido difícil diferenciar os efeitos do estrogênio daqueles relacionados a redução do FSH, que pode ocorrer com a terapia. Um grupo de cientistas da Universidade de McGill, Montreal, Canadá, conduzido por David Goltz usou receptor de folitropina (FORKO) em ratos que visavam a remoção do gene do receptor de FSH para determinar se alteração na função ovariana poderia induzir perda óssea independente da ação do FSH. A equipe descobriu que em torno de 03 meses os ratos “FORKO” desenvolviam diminuição na densidade mineral óssea e no volume ósseo trabecular da coluna lombar e fêmur dependentes da idade, parcialmente reversíveis pelo transplante ovariano. A ooforectomia bilateral reduziu a elevação da concentração de testosterona circulante em ratos “FORKO” e diminuiu a massa óssea aos mesmos níveis dos controles selvagens ooforectomizados. O bloqueio de receptor de androgênios e especialmente inibidores de aromatase reduziram o volume ósseo. Os resultados mostraram que os produtos secretados pelos ovários, notavelmente estrogênio, e a conversão periférica de androgênio ovariano para estrogênio alteraram a homeostase óssea independente de qualquer ação de reabsorção óssea do FSH. O estudo completo será publicado na revista Endocrinolog.nNeste ano: Gao J, et al Altered ovarian funcion affects skeletal homeostasis independent of the action of follicle-stimulating hormone (FSH).Endocrinology,in press.

Karina Schiavoni Scandelai C. dos Reis (R1)


CÉLULAS-TRONCO CANCERÍGENAS NO CÂNCER DE TIREÓIDE:

O carcinoma anaplásico de tireóide oferece uma sobrevida menor que oito meses após o seu diagnóstico sendo altamente resistente às terapias convencionais. Certos cânceres têm suas próprias células-tronco-like – cancer stem cells – as quais se pensa serem resistentes a drogas e, possivelmente, capazes de sobreviver a terapias que destroem o tumor. Células “side population” (SP) podem excluir a marca de ligação ao DNA, Hoechst 33342, e são altamente enriquecidas de células tronco em muitos tecidos normais. Devido ao fenótipo SP ser mantido pela proteína resistente do câncer de mama (BRCP1 ou ABCG2), associada com resistência a múltiplas drogas em vários cânceres, células da população SP podem conter células tronco de câncer. A identificação de células-tronco de câncer no carcinoma de tireóide pode ter implicações terapêuticas importantes, uma vez que a eliminação desta população pode conduzir a melhores resultados. Um grupo de pesquisadores liderados por Norisato Mitsutake, MD; PhD, na Universidade de Nagasaki, Japão identificou e caracterizou as células SP em pequeno percentual em meio a várias linhagens celulares de carcinoma da tireóide. Quando classificadas e cultivadas in vitro, as células SP geraram tanto células SP quanto não-SP e foram significativamente mais clonigênicas. O grupo também descobriu que as células SP sobrevivem preferencialmente em baixa densidade celular. Microarranjos de DNA revelaram seis genes importantes reguladores nessas células-tronco. Entretanto, tanto células SP e não-SP foram tumorigênicas em camundongos, sendo que células não-SP geraram pequeno número de células SP. Os pesquisadores afirmam que elucidar esta população cancerígena pode contribuir para se estabelecer uma nova terapia para o câncer de tireóide. O trabalho será publicado na revista Endocrinology: Mitsutake N et al. Characterization of side population in thyroid câncer cell lines: câncer stem-like cells are enriched but not exclusively. Endocrinology, in press.

Vicente Lopes da Silva Júnior (R1)


LEPTINA ATIVA VIAS NEURONAIS SATURADAS:

A ingesta de alimentos estimula o trato gastrointestinal mecânica e quimicamente, ativando as fibras vagais e espinhais aferentes e os neurônios centrais da via aferente visceral ascendente. Estes sinais saturados exercem um papel proeminente na redução da busca pelo alimento. A administração de leptina exógena também limita a busca pelo alimento – através de uma menor, mas não menos freqüente refeição. Isto sugere que a leptina reforça os sinais de ativação das vias neuronais gastrointestinais. Apoiando esta teoria, os estudos neurofisiológicos dos neurônios dos núcleos do trato solitário único (NTS), revelaram que a leptina ventricular aumenta a responsividade excitatória da distensão gástrica. Contudo, a administração de leptina no ventrículo promove a ligação a neurônios em varias regiões no cérebro, mascarando o local de ação da leptina. Um grupo de cientistas, liderado por Harvey J. Grill, Ph.D, na Universidade da Pennsylvania na Filadélfia, avaliou se a leptina e a distensão gástrica afetam os mesmos neurônios nos subnúcleos medianos do NTS e se a inibição da compulsão alimentar pela distensão gástrica é potencializada pela chegada de leptina no cérebro posterior. Os pesquisadores realizaram distensão gástrica por balão ou distensão artificial em ratos machos e, 25 minutos após, injetaram leptina, sacrificando-os 35 minutos após. Imunohistoquimica com dupla fluorescência revelou que 40% das células responsivas a leptina também responderam a distensão gástrica. No limite inferior da normalidade, a leptina ventricular no cérebro posterior ou a distensão volumétrica isoladamente não tiveram efeito, mas a sua interação reduziu significativamente a compulsão pelo alimento. Os pesquisadores concluíram que os neurônios responsivos a leptina no cérebro posterior estão primariamente localizados no NTS, que uma significativa proporção de neurônios responsivos a leptina são ativados pela distensão gástrica, e que a leptina pode potencializar os efeitos supressivos de uma distensão gástrica volumétrica ineficaz. Este trabalho será publicado pelos autores na revista. Endocrinology . Leptin and the control of food intake: neurons in the nucleus of the solitary tract (NTS) are activated by both gastric distension and leptin.

Caroline Wust do Nascimento Gaya (C1)


ATUALIZAÇÃO

RESISTÊNCIA À TERAPIA DIÁRIA DE ASPIRINA EM DIABÉTICOS:

Pacientes diabéticos demonstraram uma maior prevalência de resistência à aspirina na dosagem de 81 mg/dia do que os não diabéticos com doença arterial coronariana. Em um dos estudos demonstrou-se uma resistência à aspirina na dose de 81 mg em 120 pacientes com doença cardiovascular estável, incluindo 30 com diabetes, sendo que nem todos os efeitos antiplaquetários nos pacientes diabéticos foram mediados pela inibição da ciclo-oxigenase-1, a via previamente acreditada de ser somente responsável pela eficácia antitrombótica. Participantes num estudo duplo-cego em um trial cruzado recebeu uma dosagem diária de 81, 162 e 325 mg por 4 semanas cada de forma randomizada. No final de 4 semanas de cada período de tratamento, a agregação plaquetária foi medida de diversas formas, incluindo a agregação da transmissão luminosa induzida pelo ácido aracdônico, tromboelastografia, níveis de tromboxane urinários, ensaio de resistência à aspirina e agregação induzida pelo colágeno e pela adenosina-fosfato. No momento atual, na ausência de dados clínicos de grandes trials, Dr. Paul A. Gurbel considera a dose de 162 mg/dia melhor do que 81 mg/dia para cardioproteção em pacientes diabéticos, reconhecendo que conforme a dose aumenta, aumenta também o risco de sangramento. Um questionamento intrigante que permaneceu, foi que um aumento dose-dependente na inibição da adesividade plaquetária foi visto nos diabéticos mesmo quando sua atividade da cicloxigenase – 1 estava de forma máxima inibida com 81 mg/dia. Dr Gurbel explicou que existe uma desconexão entre a inibição da via que pensávamos ser a única que conferiria efeitos anti trombóticos e anti adesivo plaquetários e o efeito dose-dependente visto em outras vias. As duas vias adicionais que parecem ser importantes nos portadores de diabetes, mas não nos não portadores, envolvem o colágeno e ADP induzindo a agregação plaquetária. Nenhum efeito da dose de aspirina foi observado no que diz respeito a como o colágeno ativa as plaquetas nos não diabéticos, enquanto que a capacidade do colágeno de estimular a agregação plaquetária caiu de forma marcante e dose-dependente com doses mais elevadas de aspirina. Apresentado pelo Dr. Paul A.Gurgel no Annual Meeting of The American college of Cardiology, maio de 2007.

Dra. Cláudia Pieper

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