1. Histórico: O Curso de Pós-Graduação (Especialização) em Endocrinologia, criado em 1959, é ministrado no Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia, instituição padrão no plano nacional, com intensa atividade na pesquisa e no ensino superior, em virtude de convênio celebrado entre a PUC/RJ e a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro. Após quase 40 anos de existência, esse programa demonstra sua experiência através da formação de mais de 500 médicos Especialistas e Mestres, com a aprovação de 101 dissertações de Mestrado e manutenção de atividade científica contínua, com a publicação de inúmeros trabalhos em revistas especializadas e participação em Congressos Científicos de âmbito nacional e internacional, o que testemunha a eficiência com que desenvolve sua programação.

2. Objetivos do Curso de Especialização: Aprofundar e diferenciar os conhecimentos obtidos durante a graduação, familiarizando o aluno com a fisiopatologia, semiologia, métodos diagnósticos e terapêuticos da patologia endócrina.- Capacitar o aluno a adotar condutas diagnósticas e terapêuticas, atuais e éticas, bem como desenvolver a
capacidade de se atualizar, mantendo um espírito crítico e autocrítico.


02/12/2010

Endo Pills - 3

Informação cientifica de ação rápida

Ano 1 N°3

Curso de Especialização em Endocrinologia - PUC

Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione


Prof.: Luiz Cesar Povoa (A45)

Ricardo Martins Rocha Meirelles (A35)

Editor: Rosa Rita Santos Martins (A31)

Editores Associados: Walmir Coutinho (A19)

Edna Pottes (A32)

Composição Gráfica: Wallace Margoniner


O Projeto Genoma foi criado em 1990 através de dois grupos: um público envolvendo cientistas dos Estados Unidos, Inglaterra, França, Alemanha, Canadá e Japão com a direção do Dr. Francis Collins e uma empresa particular, a CELERA Genomics, sob a direção do Dr. Graig Venter. O objetivo de ambos: desenhar o genoma humano. Ambos usaram DNA de voluntários anônimos baseados no fato de que os genes codificantes de proteínas são os mesmos nos humanos. Em 2001, em conjunto, apresentaram o primeiro rascunho do genoma humano e a descrição dos genes codificantes foi considerada concluída em 2004. Estes resultados, entretanto, não incluíram a maior parte dos polimorfismos nem os genes codificantes das moléculas funcionais do RNA.

No Endo Pills deste mês apresentamos exemplos da aplicação dos objetivos do Projeto Genoma na Prática Médica: desenvolvimento de métodos diagnósticos em doenças de etiologia genética, otimização das medidas terapêuticas para essas doenças e doenças infecciosas e prevenção de doenças multifatoriais, como diabetes e hipertensão arterial.

Rosa Rita Santos Martins


ARTIGOS PUBLICADOS


1. GENÔMICA E MEDICINA PERSONALIZADA

O genoma humano, com seus 35 mil genes pode se considerado o manual de instruções do organismo. A Genômica estuda a estrutura individual de cada gene, além de suas interações com outros genes e com o meio. Esta ciência seria revolucionária, segundo o autor, pois promoveria a prática da “medicina personalizada”, ajudando na prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças.

A medicina personalizada tenta responder a perguntas como: porque algumas pessoas desenvolvem câncer e outras não; porque o câncer é mais agressivo em determinada pessoa; porque determinada droga, ou dose, funciona para alguns e não para outros? Seu alvo é conseguir os melhores resultados terapêuticos para o perfil genético específico de cada paciente, podendo auxiliar inclusive familiares, médicos e na evolução de outros testes diagnósticos não genômicos.

A combinação da Farmacologia com a Genômica originou a Farmacogenômica, que é uma ciência que permite aos cientistas predizer a probabilidade de uma droga responder baseado no perfil gênico de uma pessoa. Segundo o Dr. Larry Lenko, do FDA, há três maneiras principais de se aplicar a Farmacogenômica:

• A primeira é a de ajudar a predizer a dose apropriada de uma determinada droga. Os genes regulam o metabolismo dos medicamentos. Diferenças na seqüência de um gene podem causar diferenças na atividade enzimática, resultando em diferentes apresentações dessas enzimas em cada indivíduo.

• A segunda é a de criar terapias específicas para cada doença, por alguns chamada de Genômica Tumoral. Testes genômicos têm ajudado na identificação de tumores que respondem melhor a um tratamento específico. Lenko cita drogas Gleevec (Imatinib) para leucemia mielóide crônica, Tarceva (Erlotinib) para câncer de pulmão e Herceptina (Transtuzumab) para câncer de mama como exemplos. As duas primeiras interagem com enzimas inibitórias tirosinoquinases, que ao serem inibidas previnem o crescimento celular tumoral. A última age em tumores que produzem grandes quantidades da proteína HER2, produzida pelo gene HER2, que quando estimulado em excesso aumenta a taxa de crescimento celular.

• A terceira forma de uso é a de selecionar o tratamento de pacientes com HIV de acordo com a resistência viral para as medicações disponíveis. O kit TRUGENE HIV-1 de genotipagem é um exemplo de detecção de variações gênicas que causam resistência a alguns anti-retrovirais.

Esse tipo de pesquisa poderá tornar mais efetivo o tratamento para várias doenças, tais como para a doença cardíaca, diabetes, depressão, asma, etc... além da resposta a quimioterápicos e antibióticos. Informações sobre esse tema podem ser acessados pelo site: http://www.fda.gov/fdac/features/2005/605_genomics.html

Dra. Nadja Zennig (C2) e Dra. Thalita Bittar Carneiro de Oliveira (C2)


2. EQUIPAMENTOS MÉDICOS E A “GENÔMICA”: NOVOS PARADIGMAS NA ÁREA DE SAÚDE:

Neste artigo, publicado “on line” na página da organização americana FDA (Food and Drug Administration), são comentados novos equipamentos médicos que fazem a análise genética de certas doenças.

Após a conclusão do projeto genoma humano e o desenvolvimento de tecnologias de análise genética e molecular, como o “MICROARRAY”, laboratórios começaram a desenvolver equipamentos que possibilitariam em questão de poucos dias, a análise do DNA à partir de amostra de sangue total ou saliva e com isso.

O “MICROARRAY” (ou “gene chip”) consiste numa fina plataforma de vidro ou plástico contendo milhares de segmentos gênicos como um microchip. Estes genes na verdade são “probes” (sondas DNA), consistem em pequenas seqüências conhecidas de DNA capazes de se combinar com o DNA da amostra do paciente e causar uma reação. Esta reação pode ser mensurada e, desta forma, é possível analisar ao mesmo tempo milhares de genes (ou seqüências conhecidas), avaliando mutações, susceptibilidade a doenças e resposta a medicamentos.

Esta técnica possibilita também avaliar qual gene está ativo e qual está inativo. Este tipo de tecnologia é chamada GENÔMICA e possui variações de acordo com o objetivo, como por exemplo, a FARMACOGENÔMICA (quais fármacos funcionam melhor em quais pacientes), METABOLÔMICA (estudo dos fluidos corporais para determinação de alterações no metabolismo) e PROTEÔMICA (estudo de proteínas num organismo ou tecido).

Exemplos de tecnologias que já estão em desenvolvimento são o TAG-IT CYSTIC FIBROSIS KIT, que detecta as variações genéticas mais comuns nos EUA causadoras de Fibrose Cística, ajudando no diagnóstico das crianças acometidas e também identificando carreadores adultos do gene. Outros tipos de teste em estudo são o TRUGENE HIV-1 que determina se o paciente é portador de uma cepa de HIV resistente à certas drogas, guiando o tratamento. O AMPLI-CHIP CYTOCROME P450 GENOTYPING TEST detecta variações num gene que determina a taxa de metabolismo e excreção de certos fármacos, possibilitando o ajuste da dose individual, e o UGT1A1 MOLECULAR ASSAY, que é semelhante ao Ampli-chip, porém específico para uma droga utilizada no tratamento do Câncer de Cólon, com isso avalia a possibilidade de resposta do tumor e minimiza os riscos de efeito colateral.

Estes exemplos demonstram o potencial de uso destas novas tecnologias que, no entanto, não são livres de falha. Uma das principais limitações é a falta de padronização nos resultados (tanto na nomenclatura quanto na identificação dos genes utilizados nas diferentes plataformas de microarray), o que pode vir a causar erros em potencial. Especialistas dizem que ainda é necessário padronizar, criar ferramentas de controle de qualidade, formato e interpretação de resultados para que estas ferramentas possam ser usadas na prática clínica.

Outras informações podem ser obtidas nos sites www.fda.gov?cder/genomics; www.personalizedmedicinecoalition.org; www.cdc.gov/genomics.

Thalita Bittar Carneiro de Oliveira (C2) e Juliana Gabriel Ribeiro de Andrade (C2)


3. VARIANTE DE GENE PODE PREDIZER DIABETES

Pesquisadores da Universidade Southwestern Medical Center, no Texas, identificaram uma variante gênica que poderá servir como preditora de DM tipo II. Segundo o Dr. Scott Grundy, diretor da Unidade de Nutrição Humana dessa Universidade, a variante do gene ENPPI foi 13% mais freqüente em pessoas com DM2 e naqueles em grande risco de desenvolvê-la. O gene ENPPI codifica uma proteína que bloqueia a ação da insulina e sua variação aumenta ainda mais essa inibição, contribuindo para a resistência insulínica. Nas três populações estudadas, uma de nativos de Chennai, na Índia, outra de imigrantes indianos habitantes em Dallas e a ultima de norte-americanos caucasianos de Dallas, divididas em dois grupos formados por não-diabéticos com alto risco e diabéticos, a variante do gene esteve presente em 25% do grupo não-diabético e 34% dos diabéticos na primeira população, em 33 e 45% naqueles imigrantes da segunda população e 26 e 39%, nos caucasianos não-diabéticos e diabéticos americanos, respectivamente. O estudo demonstrou que a variante desse gene nas três populações foi capaz de predizer o diabetes. Diabetes News – American Diabetes Association. In Diabetes Today. Gene Variant May Predict Diabetes, 04-JUL-2006. Originally Published: (20060101).

Dra. Nadja Zennig (C2)


4. ANÁLISE DA EXPRESSÃO GÊNICA DE TUMORES ADRENOCORTICAIS HUMANOS PELA ANÁLISE CDNA POR MICROARRAYS.

A análise comparativa cDNA por microarrays para o estudo da expressão gênica dos tumores adrenocorticais benignos e malignos permitiu a identificação de novos genes supressores tumorais e proto-oncogenes que ajudaram a delinear a tumorigênese corticoadrenal, até o momento pouco conhecida. A análise do RNA de 10 amostras de tecido tumoral de adenocarcinoma adrenal (ACC) e 10 adenomas adrenocorticais benignos, pareados com 10 exemplares de tecido adrenocortical normal revelou vários genes com diferentes expressões entre: ACC e tecido normal (42 genes), adenoma cortical e tecido normal (11 genes) e ACC e adenoma cortical (21 genes), respectivamente. Como confirmado pela técnica “PCR em tempo real”, o gene IGF2 estava significantemente estimulado no adenocarcinoma adrenal enquanto outros dois genes (o da cromatogranina B e o responsável pela resposta precoce ao fator de crescimento 1) se encontraram bloqueados nesses tumores malignos. Até o momento, as pesquisas com cDNA ajudaram a elucidar alguns aspectos moleculares associados a tumorigênese adrenal. Para a identificação da expressão de cada gene, mais análises serão necessárias, os resultados obtidos até hoje ainda não permitem elucidar as diversas etapas associadas a tumorigênese destes neoplasias. (Slater, E.P et al. Analysis by cDNA microarrays of gene expression patterns of human adrenocortical tumors. European Journal of Endocrinology, 154(4): 587-598, 2006).

Dra. Nadja Zennig (C2)


5. CÉLULAS TRONCO: FALTA CONSENSO, SOBRA ESPERANÇA.

Segundo o Professor Antônio Carlos Paes de Carvalho, da UFRJ, a definição clássica de célula tronco é: “uma célula não especializada com grande potencial de auto-renovação, capaz de originar diferentes tipos celulares no organismo”, que podem ser obtidas do feto e do adulto. As células embrionárias são capazes de gerar qualquer um dos tipos celulares presentes nos tecidos do organismo, mas sua utilização do ponto de vista clínico ainda está bastante distante, porque precisarmos ter um controle sobre a sua proliferação e diferenciação.

O projeto Ghente - Estudos sociais, éticos e jurídicos sobre o acesso e uso de genomas na saúde, da FIOCRUZ promoveu recentemente um fórum para esclarecimento das possibilidades atuais de aplicação das células tronco, dos limites da técnica e do uso seguro das terapias gênicas.

As principais conclusões foram:

• Os procedimentos ainda estão em fase de pesquisa e levarão pelo menos dois anos para sua aplicação (apesar de já haver resultados positivos, como a injeção de células-tronco no coração – Hospital Pró-cardíaco, que reduziu a isquemia de 15 % para 4,5%.

• A Lei de Biossegurança vigente no país contém grandes falhas no que diz respeito à célula-tronco embrionária, necessitando que ainda haja regulamentação da Reprodução Assistida. Por outro lado, a ANVISA está criando um cadastro nacional para controle e rastreamento dos embriões criados em clínicas de fertilização in vitro. Existe, contudo, uma ação no Supremo Tribunal Federal contra o artigo desta Lei que regulamentaria o uso dos embriões inviáveis em pesquisas.

• Para que se possa regulamentar todos os aspectos através de leis, que realmente são categóricas, e não através de portarias, passíveis à relatividade, ainda há que se debater de forma muito difundida com toda a sociedade para que os termos da lei realmente sejam democráticos.

O Dr. Antônio Carlos divulgou o Brasil Cord – banco público de células de cordão umbilical, integrado a uma rede mundial coordenada pela OMS. As doações são de fundamental importância, pois já ajudaram mais de 4 mil pessoas. As doações podem ser feitas direto por um parente também pra este banco, o que evitaria que bancos particulares induzissem os pais do recém-nato a gastos desnecessários. Além do uso terapêutico, estas células também são uma alternativa ao uso dos embriões nas pesquisas. Mais informações: Projeto Ghente: www.ghente.org (Bruno Rodrigues e Claúdia Lopes). RADIS, jul 2006

Thalita Bittar Carneiro de Oliveira(C2)


6. GLOSSÁRIO “OMICS”: SELEÇÃO DE TERMOS E CONCEITOS IMPORTANTES

• Aminoácido: uma das 20 diferentes formas estruturais que se combinam para formar proteínas. A estrutura e a função da proteína são determinadas pela seqüência de aminoácidos presentes.

• Base: uma das moléculas – adenina, guanina, citosina, timina, ou uracila, que formam partes da estrutura molecular do DNA ou RNA. A seqüência de bases moleculares do DNA determina a estrutura de proteínas codificadas por aquele DNA.

• Célula: unidade básica de um ser vivo.

• Cromossomo: estrutura intracelular que contém material genético para formação do gene. Cada cromossomo pode apresentar dezenas ou centenas de genes próprios. Cada espécie tem seu número específico de pares cromossômicos, no homem são 23 pares no interior do núcleo e uma molécula de DNA nas mitocôndrias.

• DNA: É a abreviação de ácido desoxirribonucléico, estrutura molecular dentro do núcleo de uma célula que carrega informações genéticas para formação do ser vivo.

• Enzima: proteína que age como catalisador na iniciação ou aceleração de uma reação química dentro da célula.

• Espectrometria de massa: método que utiliza um instrumento sofisticado que identifica substâncias químicas através do peso molecular.

• Expressão gênica: processo pelos quais as proteínas são constituídas no organismo através de instruções codificadas pelo DNA.

• Farmacogenômica: associação do estudo das drogas (farmacologia) com o estudo de todos os genes (genômica) com o objetivo de determinar como variações do genoma humano afetam a resposta individual aos medicamentos.

• Fenótipo: características e traços físicos de uma pessoa ou um organismo, como por exemplo, cor dos cabelos, peso, ou a presença ou ausência de uma doença.

• Gene: unidade básica de hereditariedade passada dos pais para os filhos, seqüências de DNA, que instruções para formação de proteínas ou outros componentes do ser vivo.

• Genoma: grupo completo de DNA que contém toda informação genética do indivíduo ou organismo.

• Genômica: estudo de todos os genes de um organismo vivo assim como suas funções e atividades e a interação entre eles e entre eles e o ambiente.

• Genótipo: informação genética de um indivíduo ou organismo.

• Marcadores biológicos: indicadores de doença ou risco de uma doença, por exemplo: colesterol sérico é um marcador biológico de risco de doença cardíaca.

• Metabolismo: todo processo físico e químico do organismo necessário para vida.

• Metabólito: qualquer molécula ou substância produzida a partir do metabolismo.

• Metabólito de Baixo Peso Molecular: metabólito de peso leve que pode apresentar indícios importantes sobre a saúde de uma pessoa, incluem aminoácidos, açúcares, carboidratos, e lipídios

• Metabólito Primário: metabólito essencial para o crescimento normal e desenvolvimento em um ser vivo. Os cientistas acreditam que existem no corpo humano em torno de 3000 metabólitos primários.

• Metabólito Secundário: metabólito não essencial para o crescimento e desenvolvimento em um ser vivo, mas podem combater infecções ou outras formas de stress.

• Microarray: ferramenta que estuda como o genes, em geral, interagem entre si e sua expressão nos tecidos alvos.

• Molécula: É a combinação de dois ou mais semelhantes ou diferentes átomos.

• Mutação: mudança na seqüência do DNA que pode levar a síntese de uma proteína alterada ou inativa ou perda da capacidade do gene de produzir proteína.

• Nucleotídeo: estrutura de ácidos nucléicos; consiste uma das cinco bases nitrogenadas: adenina, guanina, citosina, timina ou uracila.

• Polimorfismos: variação de bases que não incorrem em manifestação clínica, são observados numa freqüência igual ou acima de 1% e transmitidos com herança autossômico dominante.

• Projeto Genoma Humano: pesquisa internacional extensiva empenhada em determinar a seqüência pelo qual o DNA humano é organizado.

• Proteína: uma molécula que consiste em uma cadeia formada pela união de vários aminoácidos.

• Proteômica: campo de estudo que avalia todas as proteínas em um ser vivo, determinando sua formação, função e como elas interagem entre si.

• Seqüenciamento de DNA: uma técnica laboratorial usada para determinar a ordem exata dos pares de bases em um segmento do DNA.

• SNPs (single nucleotide polyorphism): sítios na seqüência do DNA do genoma humano que diferem os indivíduos. Estas variações podem ser usadas para rastrear herança familiar.

• Sonda de DNA: segmento de uma molécula do DNA usado em experimentos laboratoriais para detectar a presença ou perda de um gen.

Aline Barbosa Moraes (C2)

ARTIGOS PUBLICADOS ENDOCRINOLOGIA

7. HIPOTIREOIDISMO: O DEBATE CONTINUA...

O artigo debate sobre o tratamento com hormônios tireoidianos para pacientes com clínica sugestiva e laboratório normal voltou à tona recentemente. No início de 2006 a Sociedade de Endocrinologia recebeu uma petição contendo mais de 2000 assinaturas de pacientes que encaminharam uma reclamação formal contra os clínicos que “super estimavam” os resultados de laboratório “sub tratando” ou não tratando os sintomas, apesar do sofrimento dos pacientes. Um editorial do presidente da associação britânica de tireóide (BTA), Tony Weetman, dizendo que os clínicos possuem ferramentas laboratoriais robustas para direcionar o tratamento do hipotireoidismo, foi a causa das manifestações.

O debate não foi sobre o hipotireoidismo sub clínico e sim sobre o tratamento de pacientes com sintomas inespecíficos cujos resultados laboratoriais encontram-se dentro dos limites considerados “normais”. A BTA não recomenda tratamento nestes casos. Mesmo assim, em 2000 a BBC News noticiou que alguns clínicos continuam prescrevendo hormônios tireoidianos para pacientes sintomáticos e com exames normais, a despeito desta recomendação.

O artigo termina lembrando também que o tratamento de sintomas inespecíficos com hormônios tireoidianos não só submete o paciente aos riscos de um excesso destes hormônios como também desvia a atenção do médico para o diagnóstico correto da afecção que atinge o paciente, que pode ser inclusive mais grave.

Juliana Gabriel Ribeiro de Andrade (C2)


8. TERAPIA COM TESTOSTERONA EM HOMENS ADULTOS COM SÍNDROMES DE DEFICIÊNCIA ANDROGÊNICA: UM GUIA CLÍNICO PRÁTICO DA ENDOCRINE SOCIETY

O Hipogonadismo em homens é uma síndrome clínica que resulta da deficiência do testículo em produzir níveis fisiológicos de testosterona e número normal de espermatozóides pela deficiência de um ou mais níveis do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal. A Endocrine Society promoveu grupo para produzir as diretrizes de diagnóstico e tratamento da Deficiência androgênica (DA), que foi composto por membros do sub-comitê de guidelines clínicos, outros cinco especialistas, um metodologista e um escritor profissional. Foi utilizada revisão sistemática para uso das recomendações-chave.

Recomendou-se fazer o diagnósticos de DA somente em homens com sintomas e sinais consistentes e nível sérico baixo de testosterona inequívoco. Preferiu-se a dosagem matinal da testosterona total por um método seguro como teste de diagnóstico inicial, com confirmação através da repetição do mesmo e, em alguns pacientes, pela dosagem do nível de testosterona livre ou bioativa.

Foi recomendado terapia com testosterona para homem sintomáticos com DA, que tem níveis baixos de testosterona, para induzir e manter características sexuais secundárias e aumentar sua função sexual, sensação de bem estar, densidade mineral óssea, massa e força muscular. Recomendou-se não utilizar terapia com testosterona em pacientes com câncer de mama ou de próstata, nódulo ou endurecimento prostática palpável, PSA maior ou igual a 3ng/ml, eritrocitose (hematócrito > 50%), hiperviscosidade, apnéia obstrutiva do sono não tratada, sintomas graves do trato urinário com IPPS (Internacional Prostate Symptom Score) maior que 19, ou insuficiência cardíaca classe III ou IV. Quando a terapia com testosterona é constituída, sugere-se monitorar o nível de testosterona, mantendo-os no meio normal de variação do método, com uso de qualquer formulação aprovada baseado na preferência do paciente, consideração da farmacocinética do medicamento e ônus do tratamento.(A descrição completa dos sinais e sintomas, dos dados de história do paciente e métodos de dosagem de testosterona podem ser obtidos no artigo: Matsumoto, MD & Vigersky, R.V. (2006), J Clin Endocrinol Metab 91: 1995-2010).

Karyne Lima (C2)


CASE REPORTS

9. PREDITORES DE DIABETES NO PÓS-PARTO EM MULHERES COM DIABETES GESTACIONAL

O Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) é definido como a intolerância à glicose diagnosticada durante a gestação e está presente em 4% das mulheres grávidas. O DMG aumenta substancialmente o risco de desenvolvimento de diabetes no pós-parto e identifica uma população de alto risco para desenvolvimento de Diabetes mellitus (DM) tipo 1 e 2.

O objetivo desse estudo foi o de estratificar o risco no pós-parto de diabetes em mulheres que apresentaram DMG. Foram recrutadas 302 mulheres com DMG, no período entre 1989 e 1999, que foram submetidas ao teste oral de tolerância à glicose no nono mês e no segundo, quinto, oitavo e décimo primeiro ano após a gestação.

No oitavo ano de acompanhamento já havia uma incidência de 52,7% de DM, ou seja, 130 casos. Os fatores de risco positivos e estatisticamente significativos para o desenvolvimento de DM foram: anti-GAD e anti-IA2 positivos (p< 0,0001), necessidade de insulina durante a gestação (p<0,0001), IMC >30kg/m2 (índice de massa corporal) (p = 0,04) e mais do que duas gestações com DMG. Número de gestações, proteína C reativa, história familiar de DM, idade da gestante, duração da gestação e o peso de nascimento da criança não afetaram o risco na análise multivariada.

Conclui-se, então, com esse trabalho que é necessário o acompanhamento e a intervenção em mulheres com história de DMG que apresentam anticorpos positivos ou que necessitaram de insulina durante a gestação ou que são obesas. (Löbner K et al. Predictors of Pospartum Diabetes in Women with Gestacional Diabetes Mellitus: Diabetes, vol 55, 792-797, March 2006)

Luciana Lopes de Souza (C2)


10. ESTUDO DE CASO: INDUÇÃO DE FERTILIDADE EM HOMEM

Caso Clínico: homem de 40 anos, encaminhado para avaliação de hipogonadismo e infertilidade. Nos últimos 2 anos notou diminuição progressiva da libido, do volume ejaculatório e do tamanho testicular. Costuma beber 3 a 4 taças de vinho por semana, não usa nenhum remédio e não tem história patológica pregressa digna de nota. Na história familiar, seu pai teve cirrose hepática, provavelmente induzida por álcool. Ao exame físico, apresentava sinais vitais normais e IMC de 24, nódulos de Bouchard bilateralmente e nenhuma evidência de bócio. Caracteres sexuais secundários eram normais e não havia ginecomastia. Fígado palpável a 2cm do RCD mas sem estigmas de disfunção hepatocelular. O volume testicular era de 10ml bilateralmente.

Avaliação laboratorial inicial mostrava uma Testosterona total de 36ng/dL (1.3nmol/L), LH de 1,5 IU/L e FSH de 1,0 IU/L. O espermograma demonstrava azoospermia e volume de 0,5mL. T4 total era de 6,6mcg/dL (VR: 4,5-10,9), prolactina de 4,2ng/mL (VR: 2-18). TGP 88 (VR: 7-30) e TGO 70 (VR: 9-25). Glicemia de jejum era 105mg/dL.

Questões: 1. Quais testes adicionais seriam necessários para elucidação diagnóstica?

2. Como tratar o paciente?

Respostas:

1. Paciente com hipogonadismo hipogonadotrófico apesar de ter outras funções hipofisárias e RNM normais. A chave para o diagnóstico neste paciente é a hepatomegalia, artropatia e aumento de transaminases que levantam a possibilidade de HEMOCROMATOSE HEREDITÁRIA. O consumo relativamente pequeno de álcool e uma relação TGO/TGP abaixo de 1 diminuem a chance de uma hepatite alcoólica.

A hemocromatose é uma doença autossômica recessiva caracterizada por depósito excessivo de ferro no organismo, incluindo a hipófise. O hipogonadismo hipogonadotrófico é a anormalidade mais freqüente nesta condição. O hipogonadismo primário por depósito testicular de ferro também ocorre mas é muito menos freqüente.

Os testes adicionais para a confirmação diagnóstica seriam uma saturação de transferrina e ferritina aumentadas. O tratamento deve ser primeiramente voltado para a condição de base, que é a flebotomia terapêutica. A reversão do hipogonadismo após depleção de ferro foi descrita em alguns casos, mas é exceção, principalmente pela idade do paciente, que também torna a indução de espermatogênese questionável. O tratamento escolhido no caso deste paciente foi apenas à reposição de testosterona para recuperação da libido e potência.

Juliana Gabriel Ribeiro de Andrade (C2)

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